Surtos de Covid-19 diminuem no RS, mas CEVS alerta para protocolos

Surtos de Covid-19 diminuem no RS, mas CEVS alerta para protocolos

RS chegou a marca de 500 registros de surtos em instituições fechadas nesta semana

Brenda Fernández

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O movimento que aponta para um cenário de tímida desaceleração da pandemia em solo gaúcho também tem reflexo no número de surtos por Covid-19 no Estado, que na última semana registrou 135 surtos em aberto – o menor volume das últimas nove semanas. Apesar da redução, o momento é de redobrar os cuidados com medidas preventivas para novos surtos. A retomada das regiões para a bandeira amarela no Distanciamento Controlado, que sinaliza baixo risco epidemiológico, fez com o setor de surtos do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) intensificasse o apelo pelo cumprimento dos protocolos em instituições fechadas. 

“Devemos interpretar com muita cautela essa evolução ao longo das semanas, pois o vírus está circulando e as pessoas continuam se contaminando e novas medidas de reabertura podem impactar em novos surtos”, alertou a coordenadora do setor, Lílian Borges Teixeira. Há protocolos estaduais bem definidos com recomendações para todas as instituições fechadas e os cuidados exigidos em situações de surtos não alteram conforme a bandeira do modelo de Distanciamento Controlado.

Um dos pontos mais sensíveis quando falamos em Instituições de Longa Permanência (ILPIs) é a liberação de visitas. Atualmente, a norma é de responsabilidade da coordenação do local. “Cada local vai ver sua realidade e se adequar à ela. Seguem todas as orientações que fizemos, principalmente porque são locais com população mais vulnerável”, destacou. São as ILPIs os locais, por exemplo, onde ocorreram 92,3% do total de surtos já registrados em Porto Alegre. Devido a esses surtos, mais de 11 mil pessoas foram expostas ao vírus.

Porto Alegre tem o maior volume de surtos

Com 127 registros de Covid-19, Porto Alegre é a região que registrou o maior volume de surtos do vírus em sete meses de pandemia no Rio Grande do Sul. De acordo com os dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), foram 144 mortes em decorrência dos surtos – correspondente a 13,06% dos 1.102 óbitos na Capital computados pela Secretaria de Saúde (SES).

Desaceleração em novos surtos

Nos últimos 15 dias, o Centro de Vigilância não identificou novos surtos em nove das 21 Regiões de Saúde Covid-19. A redução gradativa nos números não surpreende a coordenadora do setor de surtos. Segundo Lílian, o resultado é consequência da maior disponibilidade de testes nas instituições. “O Projeto Testar incluía testes em apenas alguns municípios, agora todo o Estado é beneficiado”, disse. Aliado a maior cobertura da testagem, ela também elencou a eficácia de notas e portarias elaboradas pela SES.

Apesar do cenário otimista, a especialista pede cautela na interpretação dos números, que sofrem uma oscilação por conta da data em que são notificados. Entre as regiões que apresentaram aumento no quantitativo de surtos, destacam-se as regiões Guaíba (16,6%), Pelotas (27,2%) e Santa Cruz do Sul (66,67%). Dentre as regiões com maiores taxas de incidência de casos confirmados, aquelas que apresentam maior número de surtos e de expostos, destaca-se as regiões Passo Fundo (R17 R18, R19), Lajeado (R29 R30) e Caxias do Sul (R23 R24 R25 R26). Apenas estas três concentram 76% dos surtos ocorridos em frigoríficos e laticínios, locais que tendem a apresentar grande quantitativo de funcionários e ambiente propício à propagação do vírus, apresentando, assim, mais expostos e casos. As mesmas três regiões também concentram 57% dos expostos e 56% dos casos confirmados no total de surtos do Estado.

Apesar da região Porto Alegre apresentar o maior número absoluto de surtos, ela é a 15ª região em incidência de casos confirmados – foram 1.566 confirmados dentre os expostos. 

Profissionais de saúde 

O número de profissionais ligados à Saúde infectados pelo coronavírus, até o momento, corresponde a 7% do total de casos confirmados no Rio Grande do Sul. Nesse recorte, técnicos e auxiliares de enfermagem são os mais expostos, com 6.129 contaminados do total de 14.789 casos reportados ao sistema e-SUS Notifica.

Seguindo os critérios do Código Brasileiro de Ocupações, os enfermeiros aparecem em segunda posição com 11% do total de infectados, seguido de médicos, com 10%. 


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