Tecnologia avançou, mas coragem dos pilotos ainda é necessária
Já faz 88 anos que decolou a primeira aeronave da Força Aérea Gaúcha
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Um dos integrantes da atual turma estava acostumado a patrulhar as áreas perigosas da Capital, como comandante das Patrulhas Especiais (Patres). O capitão Marcos Marques Teixeira, com autorização de seu comando, concordou falar sobre o dia-a-dia na escola de aviação da BM. O oficial salienta que o curso de Piloto de Helicóptero é desenvolvido por etapas. A primeira é o nivelamento teórico, que foi realizado em três meses (de março a junho). Depois, os aspirantes passaram por uma prova na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e uma inspeção de saúde na Aeronáutica.
Depois disso, os 13 capitães, participantes do curso, iniciaram o período básico da prática de pilotagem que ainda está sendo desenvolvido. "Nesta fase, temos que cumprir o número mínimo de 35 horas de voo, para conseguirmos a habilitação de Piloto Privado" conta Teixeira. "Após este período passamos por novas provas na ANAC e mais a prática de 135 horas de voo para podermos trabalhar como segundo piloto", conta o capitão, lembrando que todo esse processo levará um ano ou mais, dependendo de fatores como tempo e fatores técnicos.
Práticas diárias
Atualmente o dia-a-dia dos estudos e práticas dos aspirantes se desenvolve com quatro alunos em média, realizando a prática de uma hora de voo por dia. Os demais auxiliam nas questões de segurança operacional, verificam as condições do tempo para o voo, condições da pista do aeroporto para fins da prática das manobras, cuidam do abastecimento das aeronaves.
São usados o helicóptero modelo Schweizer 300 CBi. "Durante a tarde, um dos capitães alunos ministra uma instrução teórica sobre temas específicos ou gerais da aviação", diz Teixeira. "Isso ocorre conforme cronograma e no final do dia todos auxiliam na limpeza dos helicópteros."
Quanto à pilotagem em si, Teixeira considera, em princípio, bem difícil, porque além de exigir todo o conhecimento teórico aprendido, ela (pilotagem) exige muito da coordenação motora e sensibilidade nos comandos. Para ter uma idéia, explica o oficial, os pés comandam o giro do helicóptero para esquerda ou direita. A mão direita controla a velocidade e direção da aeronave e a mão esquerda a altitude e a velocidade de rotação das pás dos rotores. No início, afirma Teixeira, é muito complicado, pois as reações dos camandos no aparelho são muito diferentes das de um automóvel, por exemplo.
O tempo de resposta no helicóptero, esclarece ele, demora um pouco mais. Isso, de acordo com Teixeira, faz com que o aluno que não conhece o aparelho acabe empregando força desnecessária, deixando o voo instável, o que é perigoso, sendo necessária, muitas vezes, a intervenção do instrutor. Outro fator que pode complicar os voos é o vento, que no Litoral Norte é forte. "Atualmente iniciamos o treinamento de procedimentos de emergência", conta o oficial. "Creio que estamos (os alunos) mais confiantes e pegando o gosto por voar, pois poder controlar a máquina para qualquer direção dá uma sensação imensa de liberdade", concluiu.