Teste com vacina contra a Covid-19 entra na reta final no Hospital São Lucas da PUCRS

Teste com vacina contra a Covid-19 entra na reta final no Hospital São Lucas da PUCRS

Hospital está recebendo novos voluntários para teste do imunizante até 17 de outubro

Gabriel Guedes

Nos próximos dias, os primeiros profissionais de saúde selecionados devem começar a participar dos testes com a Coronavac

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Os testes em humanos com a vacina contra a Covid-19, da farmacêutica chinesa Sinovac, estão entrando na reta final no Hospital São Lucas da PUCRS. A imunização será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e 12 instituições parceiras estão analisando sua eficácia entre a população. O hospital de Porto Alegre já tem 852 voluntários participantes, número que era a meta para a Capital. Isso porque o São Lucas seguirá recebendo novos inscritos até pelo menos 17 de outubro, para compensar o desempenho aquém do esperado em outros centros de pesquisa do país.

Os resultados preliminares reforçam a eficácia da vacina e apresentam outro indicador animador: quase nenhum efeito colateral. Os que têm são muito leves, como dor no local da aplicação, um pouco de dor no corpo ou dor de cabeça. “Está tudo transcorrendo bem. Vacina parecida com a do vírus da gripe, com reações como febre e dores no corpo. Mas é baixo o número de pessoas com esses sintomas.”, garante o líder do estudo e chefe do Serviço de Infectologia do hospital, Fabiano Ramos. Há a expectativa de que o Butantan encaminhe em dezembro à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a liberação para aplicação.

De acordo com Ramos, o centro gaúcho está indo muito bem. “O final (do estudo) depende de outros centros do Brasil. Alguns não têm conseguido atingir o mínimo de voluntários”, observou. Por isso, Ramos acredita que apesar de existir a data oficial de 17 de outubro, é provável que o São Lucas ainda esteja recrutando voluntários até o final do mês. Acredita-se que se possa atingir os mil voluntários. Atualmente está sendo realizada a terceira etapa de testes, estágio em que é aplicada em larga escala, o que poderá comprovar em definitivo a sua eficácia e duração da proteção.

Desde o dia 22 de setembro, passaram a ser aceitos profissionais da área da saúde com mais de 60 anos ou que já tiveram Covid-19. A ampliação do escopo ocorreu em virtude de uma definição do Butantan e da Sinovac. Os testes não são abertos ao público em geral. Mas o profissional da saúde que tiver interesse em colaborar, pode contatar a equipe pelo Telefone/WhatsApp (51) 99929-8871. “Tem todo um acompanhamento. Todo mundo que for voluntário vai ter oito retornos ao centro de pesquisa, para coleta de exames, ver como ficou”, resumiu Ramos. Para dar conta de atender os voluntários, um segundo número de WhatsApp foi disponibilizado para agilizar os agendamentos.

Das 7 mil pessoas que participam da testagem no Brasil, metade recebe a vacina, ao passo que a outra metade placebo, isto é, uma substância sem efeito algum. Por ser um estudo “duplo cego”, somente os farmacêuticos que recebem e acondicionam os imunizantes conseguem saber o que cada seringa contém. Porém, eles não acompanham o momento de aplicação, conduzido pelos pesquisadores junto aos voluntários, que desconhecem o conteúdo das doses em questão. A estratégia permite a análise e comparação dos resultados pelos dois grupos, validando ou não o efeito da substância.

É esperado dos testados que receberam o insumo verdadeiro, que o sistema imunológico desenvolva anticorpos para o vírus inativado da Covid-19 que está presente na vacina, tornando a pessoa em questão imune ao efeito do vírus ativo caso ela tenha contato com o organismo posteriormente. Entretanto, segundo Ramos, assim que nada mais impedir a aplicação das doses - o que só vai ocorrer após autorização da Anvisa -, aqueles que receberam placebo, irão ser imunizados em primeiro lugar. 

 


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