Trabalhadores da Nortran fazem paralisação depois de receber só parte dos salários

Trabalhadores da Nortran fazem paralisação depois de receber só parte dos salários

Frota da empresa não circulou nesta segunda-feira em Porto Alegre

Gabriel Guedes

Nortran foi uma das primeiras empresas do transporte coletivo de Porto Alegre a sentir os efeitos do Covid-19

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Os ônibus da empresa Nortran não saíram da garagem, no Passo das Pedras, na zona Norte, nesta segunda-feira. Motoristas e cobradores cruzaram os braços em decorrência do não pagamento integral da remuneração e benefícios. O ato começou às 4h e desta forma somente um dos carros da empresa foi circular. Para suprir a falta de ônibus, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) remanejou carros da Sopal e da Navegantes para realizar alguns itinerários da Nortran, que apresentavam maior demanda no pico da manhã. O impasse foi parar no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, participação do Ministério Público do Trabalho, onde ocorreu uma reunião com a intenção de conciliar trabalhadores e empregador. Mas a primeira rodada, realizada ainda pela manhã, terminou sem solução e havia a previsão de um segundo encontro, às 18 h.

Conforme relato dos funcionários, que estavam fazendo a paralisação em frente ao portão da garagem, a empresa pagou só parte do valor dos salários e dos tíquetes de alimentação. O advogado do Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa), Alceu Machado, assegura que os trabalhadores foram comunicados direta e previamente das medidas tomadas. "Não é um dissídio comum. É uma situação econômica trágica", justifica, ao mencionar a crise gerada em decorrência do novo coronavírus. O advogado garante que foi pago 80% de salário para quem estava trabalhando, além de uma parte também dos tíquetes de alimentação.

Segundo Machado, a situação está a cada dia que passa mais insustentável nas empresas. "Foi algo que ocorre por força da situação financeira. Não se tem espaço para mais nada. Da parte das empresas é isso e é o que pode ser pago", confirma. O advogado reforça que o custo de operação das linhas de todas empresas de transporte de Porto Alegre, considerando a situação atual - de redução de passageiros e de horários - é R$ 42 milhões e a projeção de receita para Abril é de R$ 16 de milhões. "Também será feita redução de jornada e de salários ou até mesmo suspender os contratos de trabalho", adianta.

No domingo, o engenheiro de transporte da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), Antônio Augusto Lovatto, disse que se nada for feito, as empresas poderiam interromper as atividades dentro de 15 dias por falta de recursos em caixa.

Questionado sobre as medidas que o Sindicato dos Rodoviários poderá tomar, o vice-presidente da entidade, Sandro Abbade, não respondeu ao Correio do Povo, bem como a EPTC e a Prefeitura de Porto Alegre. As empresas defendem que o Município subsidie temporariamente o serviço, bem como faça a remuneração por quilometragem invés do volume de passageiros transportados.


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