UPA da zona Norte precisa de mais 10 médicos para fechar escala

UPA da zona Norte precisa de mais 10 médicos para fechar escala

Prefeitura de Porto Alegre pode ajudar na contratação de profissionais para atender no local

Correio do Povo e Rádio Guaíba

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A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, na zona Norte de Porto Alegre, atendeu nos primeiros 17 dias pelo menos 2.887 pessoas. O número corresponde a uma média de 170 pacientes por dia, menos que os 450 divulgados como capacidade máxima. De acordo com o superintendente do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Carlos Eduardo Nery Paes, responsável pela contratação de médicos para o local, o número, ainda baixo, decorre da proximidade física com o Hospital Conceição. Em entrevista à Rádio Guaíba na madrugada desta terça-feira, Paes confirmou a falta de pelo menos dez médicos para fechar as escalas de forma ideal, mas evitou responsabilizar a carência de pessoal pelo número de atendimentos ainda aquém do projetado.

Segundo ele, a UPA precisa de 42 médicos por dia, e hoje trabalha com cerca de 30. O superintendente garante que o GHC tenta contratar, mas disse que a baixa procura de médicos pelo cargo compromete a seleção. Os salários oferecidos vão de R$ 8 mil e R$ 15 mil. Ele já admite que, caso as vagas não sejam prenchidas com brevidade, pode pedir que a Prefeitura auxilie com a cedência de profissionais.

Paes salientou que a obra de reforma na emergência do Hospital Conceição, que sobrecarregou outras emergências e aumentou a procura pela UPA, já havia sido programada. Ele alegou, no entanto, que um problema hidráulico adiantou o início dos trabalhos. Segundo o superintendente, o local vai ter acesso facilitado e assegurar mais conforto para os usuários em cerca de 60 dias.

Ele também destacou que os pacientes seguem sendo atendidos na instituição, desde que em estado grave. Nos outros casos, a orientação é para que procurem a UPA. Quando divulgou a obra, na semana passada, o GHC estimou a finalização em 30 dias.

O secretário da Saúde de Porto Alegre, Carlos Henrique Casartelli, admitiu, em entrevista à Rádio Guaíba, que a prefeitura pode completar as escalas de médicos da UPA da zona Norte. Ele destacou que a unidade é uma obra do governo do Estado com parceria com a União. À prefeitura cabia equipar o local. O GHC tinha como responsabilidade fornecer os recursos humanos e alguns aparelhos, como estetoscópios, por exemplo. Segundo o secretário, a direção do GHC informou não ter condições de fornecer os equipamentos, que então foram adquiridos pela prefeitura.

A direção do complexo hospitalar também informou não ter como contratar a mão-de-obra até o dia 3 de outubro, como previsto. Por isso, nos primeiros dias de funcionamento, a pasta da Saúde municipal forneceu os profissionais. No entanto, mesmo com o prazo prolongado, Casartelli relatou que na sexta-feira, logo após o fechamento de parte da emergência do Conceição - a maior do Rio Grande do Sul -, apenas dois médicos clínicos e dois pediatras faziam o atendimento dos pacientes na UPA.

O combinado, porém, era de um quadro equivalente ao dobro desse em cada um dos turnos de 12 horas. Também é necessária a presença de um cirurgião. A unidade dispõe de seis consultórios. O secretário ainda lembrou que a data da inauguração da UPA foi definida em conjunto entre União, Estado, município e GHC - e não de forma isolada, em função do ano eleitoral.

Segundo Casartelli, o problema ocorreu quando o Hospital Conceição comunicou com atraso o fechamento de parte da emergência. O rompimento da tubulação ocorreu no dia 8, mas o gestor da saúde no município só foi comunicado por volta das 17h de quinta-feira.

O secretário acrescentou que Paes havia dito que a meta era transferir todos os médicos da emergência para a UPA em meio às obras, o que não ocorreu. A emergência do Conceição atende cerca de 500 pacientes por dia. Às 10h30min desta terça, o secretário Casartelli se reúne com a direção do GHC a fim de buscar uma solução para o problema de atendimento enfrentado pela UPA. Serão discutidos, entre outros temas, também o estabelecimento de um cronograma para a conclusão da reforma da emergência do Conceição.

Emergências de hospitais da Capital estão superlotadas

Com quase o triplo da capacidade, o setor de emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre amanheceu  superlotado nesta terça-feira. Eram 145 adultos para 49 vagas e 13 crianças para nove leitos por volta das 9h, além de 11 pessoas esperando atendimento. O que ocasionou uma procura ainda maior pela instituição, que normalmente trabalha com mais pacientes do que comporta, foi a restrição no atendimento do Hospital Conceição, que passa por reforma.

No Clínicas, a prioridade é para pacientes graves, com risco de vida. Para as enfermidades mais simples, não há previsão do tempo de espera. Segundo o médico emergencista, que é um dos coordenadores do setor, Gerson Pereira, boa parte das pessoas que procuram a instituição não correm risco de vida e poderiam ser atendidas em um posto de saúde, por exemplo. 

Por isso, a orientação é para que só se dirija ao hospital somente quem tiver alguns dos seguintes sintomas: dor no peito, derrame cerebral, dor abdominal com febre, hemorragia digestiva, falta de ar aguda, neoplasias (pacientes com câncer atendidos no HCPA que sofrem intercorrências, perda de consciência, ou alteração de sinais vitais (pressão excessivamente alta ou baixa e batimentos cardíacos alterados).

No Complexo Hospitalar Santa Casa, a situação não é diferente. O atendimento adulto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Santa Clara era de 30 pacientes para 12 leitos na manhã. Já no Santo Antônio, exclusivo para crianças, havia nove para 13 vagas. O São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) operava com 31 doentes adultos para 13 espaços, no SUS, e cinco crianças para seis vagas.

Com informações dos repórteres Karina Reif e Jerônimo Pires

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