Vale afirmou que barragem era segura 45 dias antes do rompimento

Vale afirmou que barragem era segura 45 dias antes do rompimento

Afirmações foram feitas em uma reunião da Câmara de Atividades Minerárias, após contestações relacionadas a um pedido da Vale para ampliar operações

R7

Pedido foi feito após uma decisão do governo de Minas Gerais que rebaixou, em dezembro de 2017, o índice de risco da mina Córrego do Feijão

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Em uma reunião de um órgão da Secretaria de Meio Ambiente do Governo de Minas Gerais em 11 de dezembro de 2018 — 45 dias antes do rompimento da barragem na mina da Vale de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) — a empresa havia assegurado aos participantes que a barragem era segura e que havia sido aprovada por uma auditoria naquele ano.

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As afirmações foram feitas em uma reunião da Câmara de Atividades Minerárias, após contestações relacionadas a um pedido da Vale para ampliar operações na mina de Brumadinho e, também, fazer trabalhos de reaproveitamento e tratamento dos rejeitos na barragem rompida, que na época, estava desativada desde 2015.

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O pedido foi feito após uma decisão do governo de Minas Gerais que rebaixou, em dezembro de 2017, o índice de risco da mina Córrego do Feijão. Antes a mina era considerada de risco 6, o mais alto na escala, após as mudanças a mina recebeu o risco 4. Com este índice alterado, a Vale teve a oportunidade de, dentro da lei, aprovar três licenças de uma só vez. Se estivesse categorizada no índice anterior, precisaria obter as licenças em etapas.

Para a ambientalista Maria Tereza Corujo, este procedimento reafirma a culpa da Vale na tragédia que já contabiliza mais de 60 mortos e centenas de desaparecidos na pequena cidade turística.

“Ela é totalmente responsável por este rompimento, não foi um acidente. Se ela tivesse cumprido todas as etapas conforme o índice de risco anterior, certamente isto não teria acontecido”, afirma Maria. A licença para o tratamento e reaproveitamento da barragem que rompeu estava incluída neste processo e foi autorizado em 21 de dezembro.

Segundo o Governo de Minas Gerais, a alteração do índice foi feito para “adequar à atual realidade de classificação dos mais diversos empreendimentos” e que o processo teria sido feito em uma força tarefa que envolveu dezenas de técnicos, ONGs e instituições de defesa e proteção do meio ambiente de Minas Gerais.

Procurada pela reportagem do R7, a vale enviou a seguinte nota:

“A aprovação ocorrida na reunião de dezembro se refere à licença para a Mina de Jangada, que é operada a seco e sequer tem barragem. A barragem 1, que se rompeu, estava localizada na Mina do Córrego do Feijão, e não tinha relação com a Mina de Jangada. A barragem 1 possuía todas as declarações de estabilidade aplicáveis e passou por auditoria em 2018.

É importante salientar ainda que na referida reunião foi aprovado o descomissionamento da barragem 1 de Feijão, e não sua operação. A estrutura estava inativa há dois anos e meio”





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