Vereadores visitam prédios abandonados do 4º Distrito de Porto Alegre

Vereadores visitam prédios abandonados do 4º Distrito de Porto Alegre

Muitos moradores antigos já deixaram a região, incomodados com as frequentes arruaças e ações de criminosos

Luciamen Winck / Correio do Povo

Vereadores visitam prédios abandonados do 4º Distrito de Porto Alegre

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A situação de abandono em que se encontra um dos principais polos de desenvolvimento econômico de Porto Alegre, o 4º Distrito - formado pelos bairros Floresta, São Geraldo, Navegantes, Anchieta, São João, IAPI, Passo D’Areia, Humaitá e Farrapos -, alvo de reportagem veiculada no Correio do Povo, preocupa os vereadores da Capital. Na manhã desta quarta-feira, representantes das comissões de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab), de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) e de Constituição e Justiça (CCJ) vistoriaram a região e ficaram surpresos com a infinidade de prédios desocupados e com as reclamações dos moradores.

“Somente nesta região existem 1,8 mil imóveis listados como área de interesse cultural”, salientou o presidente da Cuthab, Pedro Ruas, ressaltando que a maioria dos proprietários não dispõe de recursos para devolver as características originais aos prédios. Lembrou que a presença de profissionais do sexo - prostitutas e travestis -, de usuários de drogas e indigentes em algumas ruas da região acaba por desvalorizar os imóveis.

Muitos moradores antigos já deixaram a região, incomodados com as frequentes arruaças e ações de criminosos. A presidente da Cedecondh, Maria Celeste, disse que a descaracterização das edificações “vai na contramão da legislação e da preservação histórica e cultural da cidade”. A Cuthab e a Cedecondh realizarão audiência pública conjunta para tratar dos problemas do 4º Distrito e apontar soluções para os mesmos. “Requisitaremos a participação de representantes do Ministério Público nas discussões”, assinalou Ruas.


Moradores antigos já deixaram a região incomodados com as ações de criminosos. | Foto: Pedro Revillion

A visita de inspeção foi acompanhada pelos vereadores Mauro Zacher - também presidente da Associação dos Amigos do 4º Distrito - e Reginaldo Pujol, além do presidente do Conselho de Justiça do 4º Distrito, Luiz Roberto Collares. Os moradores da região faziam questão de apresentar seus relatos dramáticos. O aposentado Aldo Rossato, o Charuto, que vive na região há 78 anos, fez um desabafo: “Cansei de me incomodar com os travestis. Já fui surrado por um”.

Outro morador do 4º Distrito , que pediu para não ser identificado por ter sido ameaçado de morte, afirmou que os problemas começaram há mais de duas décadas. “Nossos imóveis foram desvalorizados em mais de 50%, pois nossas ruas se transformando em ponto de prostituição”, lamentou. Segundo ele, a situação é constrangedora. “Minha filha vem me visitar e, não raras vezes, recebe cantadas de homens em busca de diversão”, relatou.

Quando os parlamentares se preparavam para ir embora, foram interpelados por um soldado da Brigada Militar que reside no 4º Distrito. “Nos ajudem. Vivemos em meio a constantes escândalos, desacertos e brigas. Transformaram nossas ruas em banheiro público”, explicou. Fardado, o homem admitiu que não convida familiares e amigos para visitar sua casa por vergonha. “Ficaria constrangido se eles descobrissem que moro em uma rua onde travestis seminus agridem seus clientes”, disse.

Zacher argumentou que o poder público não tem medido esforços para revitalizar a região. Segundo ele, deverá haver um boom de investimentos imobiliários e de infraestrutura até as vésperas da Copa do Mundo de 2014. O objetivo, conforme Zacher, é devolver aos bairros Floresta e São Geraldo o perfil de áreas residenciais. “Existem muitos projetos habitacionais previstos para a região”, ressaltou.

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