África se prepara para confinamento pelo coronavírus

África se prepara para confinamento pelo coronavírus

Capital econômica da República Democrática do Congo vai paralisar atividades por 48 horas a partir desta segunda-feira

AFP

Capital econômica da República Democrática do Congo vai paralisar atividades por 48 horas a partir desta segunda-feira

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A África está se preparando para o confinamento, já em vigor em Ruanda e Maurício e impôs, nesta segunda-feira, em Lubumbashi, capital econômica da República Democrática do Congo (RDC), para enfrentar o coronavírus em um contexto material e cultural desfavorável. A atividade em Lubumbashi - sede da economia mneradora da RDC - e seus quatro milhões de habitantes pararam nesta segunda-feira por 48 horas, por ordem das autoridades provinciais.

O motivo: dois passageiros de Kinshasa deram positivo para o covid-19 quando saíram de um voo regular com 77 pessoas. Cerca de 30 casos foram declarados oficialmente desde 10 de março na RDC - com duas mortes - todos na capital de 10 milhões de habitantes. Quatro deputados pediram para "colocar Kinshasa em quarentena e isolá-la do resto do país" para impedir a propagação do vírus no território de 2,3 milhões de km² e pelo menos 80 milhões de habitantes.

Uma reunião sobre o coronavírus está agendada para segunda-feira à tarde na presidência da RDC. Na África Ocidental, os presidentes do Senegal, Macky Sall e a Costa do Marfim, Alassane Ouattara, podem anunciar novas medidas nesta segunda-feira, após a já adotada (fechamento de fronteiras e locais públicos, entre outros).

Com 67 casos anunciados oficialmente - sem mortes - o Senegal é um dos países da África Ocidental onde o coronavírus está mais presente. Em Burkina Faso - com um total de 99 casos - as autoridades "contemplam cada vez mais um confinamento total da população em um período de duas a três semanas", segundo uma fonte de segurança.

Na África Central, o presidente do Gabão, Ali Bongo Ondimba, anunciou restrições noturnas ao movimento das 19h30min às 06h, que começaram a valer no domingo. No vizinho Camarões (56 casos), o confinamento ainda está em debate. "Esperamos que não tenhamos que confinar o país inteiro", disse a ministra da Saúde Malachie Manaouda no domingo. Ruanda (17 casos relatados) proibiu "movimentos não essenciais" desde sábado. "Duas semanas sem trabalho em uma cidade onde tudo é caro é uma sentença de morte", diz Alphonse, 29 anos, que trabalha em seu táxi.

Desde sexta-feira, os 1,3 milhão de habitantes das Ilhas Maurício, localizados a 1.800 km da costa leste da África, devem permanecer confinados em suas casas por 14 dias. A Nigéria está tentando aplicar as medidas já em vigor, começando com a proibição de multidões. "O que vamos comer, o que nossos clientes vão comer?", questiona Alice, uma fornecedora de frutas e legumes, indignada. "Pago (meus legumes) a crédito e agora não posso mais vendê-los. Precisamos sobreviver, não posso ficar em casa!", reclama.

"Na realidade, o confinamento parcial ou total corre o risco de ter efeitos desastrosos para o continente africano", avalia a famosa escritora camaronesa Calhixte Beyala, em sua página no Facebook. "A população mais desfavorecida será a primeira vítima, eles morrerão de fome ou então seu corpo enfraquecido pela desnutrição, o que os tornará mais propensos a contrair a doença", disse. "Precisamos encontrar estratégias de emergência para a África que melhor respondam às necessidades de nossos povos", conclui a escritora. b


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