Araújo refuta apoio do Brasil a intervenção militar na Venezuela

Araújo refuta apoio do Brasil a intervenção militar na Venezuela

Ministro das Relações Exteriores negou que haja possibilidade de usar Base Aérea de Alcântara para eventual operação

AE

Araújo afirmou que "um grito que pede liberdade" vem da Venezuela

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O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, refutou nesta sexta-feira qualquer apoio do Brasil a uma intervenção militar na Venezuela, após divergir publicamente do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, sobre como lidar com a crise política no país vizinho. O chanceler brasileiro negou que haja a possibilidade de a Base Aérea de Alcântara, no Maranhão, ser usada em eventual operação na Venezuela.

"Não temos nenhum tipo de direção que não seja a ação diplomática na Venezuela. A nossa ação, tanto do Brasil quanto do Grupo de Lima, que é o principal ambiente internacional no qual estamos, não tem nada de intervenção. É uma ação de apoio ao que consideramos o governo legítimo da Venezuela", afirmou Araújo, em entrevista coletiva após participar da Reunião de Ministros das Relações Exteriores do Brics, no Palácio do Itamaraty, no Rio.

Na coletiva, o ministro foi questionado especificamente sobre a possibilidade de a Base Aérea de Alcântara ser usada em operações na Venezuela. Em março, Brasil e Estados Unidos concluíram as negociações do novo Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), que permitirá o uso comercial da base de Alcântara, para o lançamento de satélites. O governo americano já afirmou que não descarta o uso militar para resolver a crise na Venezuela.

"Sobre a Base de Alcântara, é uma base de lançamento de satélites. Não tem absolutamente nenhum tipo de uso militar", afirmou Araújo na entrevista.

Mais cedo, no discurso de abertura do encontro do Brics, Araújo afirmou que "um grito que pede liberdade" vem da Venezuela e exortou os países do grupo a agirem em conjunto na crise venezuelana. Rússia e China, países que têm assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, têm mantido o apoio ao governo de Nicolás Maduro. Em discurso logo em seguida ao de Araújo, o chanceler russo Lavrov defendeu uma solução "sem interferência de fora" na Venezuela.

Após os discursos, o chanceler brasileiro minimizou a divergência com o colega russo. Araújo disse que, no encontro multilateral, procurou passar a "perspectiva do Brasil" em relação a Venezuela, que é "o grande desafio da nossa região", e frisou que, entre os Brics, o Brasil é o país mais próximo da crise venezuelana.

Segundo o ministro brasileiro, a posição do chanceler Lavrov é também a do Brasil, de que a solução para a crise tem que ser "construída pelos venezuelanos". "Com base na compreensão mútua, há terreno para aproximação com um país que não vê a questão exatamente da mesma maneira", afirmou Araújo, se referindo à Rússia.

O chanceler frisou, porém, que o Brasil considera que a solução para a crise deve ser centrada no governo "que consideramos legítimo", do autoproclamado presidente Juan Guaidó. Para o Brasil, disse ministro, a "solução democrática" passa pelo fim do governo Maduro e pela realização de "eleições legítimas".


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