Ataque em Moscou: saiba quem é o Estado Islâmico de Khorasan

Ataque em Moscou: saiba quem é o Estado Islâmico de Khorasan

Grupo é uma ramificação da organização terrorista que atua no Oriente Médio e é provável responsável pelo atentado

Correio do Povo

Ataque deixou vários mortos na Rússia

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O Estado Islâmico (EI) reivindicou a responsabilidade pelo ataque mortal de sexta-feira, a uma popular casa de shows nos arredores de Moscou, na Rússia, que matou ao menos 137 pessoas.

Embora o Estado Islâmico não tenha dito qual de suas ramificações estava envolvida no ataque, duas autoridades americanas disseram que relatórios recentes da inteligência indicavam que a ramificação do Estado Islâmico no Afeganistão e no Paquistão (o Estado Islãmico de Khorasan ou ISIS-K, estava ativa dentro da Rússia.

No início deste mês, o Serviço Federal de Segurança da Rússia disse que havia frustrado um ataque do ISIS-K a uma sinagoga de Moscou, informou a agência de notícias Tass do país. Confira abaixo informações sobre o grupo:

Diferença entre Estado Islâmico e Estado Islâmico de Khorasan

Já se passou quase uma década desde que o grupo Estado Islâmico, uma antiga afiliada da Al-Qaeda, declarou o estabelecimento de um califado em vastas áreas de território na Síria e no Iraque. O grupo jihadista, também conhecido como ISIS ou ISIL, conclamou todos os muçulmanos a se juntarem ao seu califado e justificou seus ataques a outros muçulmanos acusando-os de apostasia (renúncia da fé).

O Estado Islâmico de Khorasan é uma ramificação do Estado Islâmico, que tem atuação especialmente no Afeganistão. Nos últimos anos, realizou uma série de ataques sangrentos em todo o país, procurando usar a violência para minar as relações do Taleban com os aliados regionais e para retratar o governo como incapaz de fornecer segurança no Afeganistão.

O ISIS-K foi criado em 2015 por combatentes insatisfeitos do Taleban paquistanês, um gêmeo ideológico e aliado do Taleban no Afeganistão. A ideologia do ISIS-K espalhou-se em parte porque muitas aldeias no leste do Afeganistão e no Paquistão albergam muçulmanos salafistas, o mesmo ramo do Islã sunita que o Estado Islâmico. Os Taleban, por outro lado, seguem principalmente a escola Hanafi do Islã.

Desde os seus primeiros dias, o ISIS-K tem estado em desacordo com os Taleban, lutando por território no leste do Afeganistão e mais tarde denunciando o novo governo dos Taleban por não instituir o que considera ser a verdadeira lei Shariah. A propaganda do ISIS-K criticou duramente os talebans por trabalharem para estabelecer relações diplomáticas com países não-muçulmanos, incluindo os Estados Unidos e a Rússia, descrevendo os esforços como uma traição à luta jihadista global.

Os ataques do ISIS-K tornaram-se mais ousados e estenderam-se para além das fronteiras do Afeganistão: o grupo matou pelo menos 43 pessoas num ataque a um comício político no norte do Paquistão, em julho.

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Estado Islâmico vê Rússia como inimiga

O Estado Islâmico considera a Rússia como inimiga porque o governo de Vladimir Putin apoia o ditador sírio Bashar Al-Assad, que expulsou a organização terrorista da Síria. A facção segue um modelo similar ao de outras células — chamadas de províncias — do Estado Islâmico pelo mundo: uma relativa independência da liderança do grupo, baseada na Síria e no Iraque, e levando em consideração fatores regionais. O K vem da província histórica de Khorasan, que abrange partes do que hoje são Irã, Afeganistão, Paquistão e de outras nações da Ásia Central.

O Isis-K sempre foi visto como prioritário para as lideranças do Estado Islâmico. Desde o início, recebeu apoio logístico, financeiro e até moral: são inúmeros os vídeos de combatentes do Estado Islâmico na Síria e Iraque saudando a criação do Isis-K.

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Rússia afirma que não se manifestará sobre reivindicação

O Kremlin afirmou nesta segunda-feira que não comentará a reivindicação do grupo. "A investigação está em curso e a administração presidencial cometeria um erro se fizesse comentários sobre o andamento da investigação. Não o faremos", afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, que também se negou a comentar as acusações de tortura dos suspeitos do ataque.

As autoridades anunciaram a detenção de 11 pessoas, incluindo os quatro supostos responsáveis pelo ataque. Mas o perfil dos demais detentos não foi revelado até o momento. Peskov também não revelou mais detalhes sobre os demais sete detidos e voltou a citar o argumento da investigação em curso. Ele disse apenas que, no momento, Putin não planeja visitar o Crocus City Hall, o local do atentado.

*Com informações de Estadão Conteúdo e AFP


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