Ativistas do clima fazem protesto em mina de carvão na Alemanha

Ativistas do clima fazem protesto em mina de carvão na Alemanha

Local é composto por lignita, tipo de mineral barato e muito poluente

AFP

"Manifestação Europeia" prevista deve reunir 20.000 pessoas de 16 países

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Vindos de toda a Europa e apoiados por jovens manifestantes pelo clima, milhares de ativistas se reuniram na manhã desta sexta-feira para tentar ocupar uma mina de carvão no oeste da Alemanha. Precedidos por uma fanfarra e formando filas de várias centenas de pessoas, os ativistas deixaram às 7h GMT (4h de Brasília) o "acampamento climático" que eles estabeleceram na quarta-feira na bacia de mineração do Reno, em direção ao local de extração de Garzweiler, a cerca de trinta quilômetros.

"Não vamos parar. Um outro mundo é possível", gritavam os manifestantes nesta vasta área onde a presença policial permanecia discreta. Depois de dois dias de incitação à "desobediência civil" não violenta, eles planejam vários movimentos até sábado nesta mina de lignita, um carvão marrom barato e muito poluente explorado em grandes áreas pelo grupo RWE. 

Se o grupo Ende Gelände ("terminus" ou "fim da história") ocupa este local todos os anos desde 2015, a operação deste ano tem um significado especial: não apenas o número de participantes está crescendo, como pela primeira vez será apoiado pelos jovens do movimento "Fridays for Future". 

"Atores políticos do momento"

Várias centenas de estudantes se reuniram esta manhã em Aix-la-Chapelle, algumas dezenas de quilômetros de distância, para uma "manifestação europeia" prevista às 10h GMT e que deve reunir 20 mil pessoas de 16 países, de acordo com agência alemã DPA.

"Por que estudar, se não temos futuro?" ou "se a Terra fosse um banco, estaria salva há muito tempo", diziam os cartazes dos primeiros manifestantes, que pretendem ir a Garzweiler no sábado para dar "apoio" direto aos ocupantes. Apoiados pelo sucesso das formações ecologistas nas eleições europeias, esses jovens, muitas vezes menores, "são os atores políticos do momento", comentou nesta sexta-feira o semanário Der Spiegel.

"Sempre fui um cidadão modelo, nunca transgredi a lei. Mas o fato é que isso não mudará se não fizermos nada agora, e eu estou aqui (...) para ir mais longe", explicou na quinta Döerthe, de 19 anos, que escolheu como todos os participantes um "nome de guerra".

Desde quinta, os ativistas se preparam por "grupos de afinidade" de uma dúzia de pessoas, que compartilham o mesmo vigor físico e mental e estabeleceram os mesmos limites, esperando o início da noite. Entre as tarefas de limpeza e organização, revisaram com instrutores treinados do Ende Gelände todos os cenários: prisão, ferimentos, ataque de pânico e até mesmo tentativa de bloqueio.

Se a média de idade não ultrapassa os trinta anos, alguns veteranos participam de manifestações ecologistas e ocupações ilegais há décadas, incluindo de instalações nucleares antes de a Alemanha decidir em 2011 abandonar essa energia antes de 2022. Mas a renúncia nuclear aumentou a dependência do país do carbono, fonte de uma energia mais previsível, barata e mais fácil de transportar que a eólica ou solar, e que representa ainda 40% de sua produção de eletricidade.

O governo alemão decidiu por seu abandono até 2038, um prazo considerado muito longo pelos ativistas, e desprovido de calendário preciso. "A crise climática está aí. Nosso objetivo é parar fisicamente, com nossos corpos, os meios de produção que são responsáveis", explicou à imprensa Nike Malhaus, porta-voz do Ende Gelände.


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