Azevêdo diz que diretor-geral não tem papel de árbitro em disputas na OMC

Azevêdo diz que diretor-geral não tem papel de árbitro em disputas na OMC

Embaixador brasileiro garantiu que suas origens não serão esquecidas no exercício do cargo

Agência Brasil

Roberto Carvalho de Azevêdo tomará posse em 1º de setembro, em Genebra, na Suíça

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Primeiro brasileiro eleito diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, disse nesta quarta-feira que ao assumir o cargo não esquecerá de suas origens. “Não (vou deixar de ser brasileiro), vou continuar tomando minha caipirinha. Minha cultura e minha formação é brasileira”, disse ele, que tomará posse em 1º de setembro, em Genebra, na Suíça, onde fica a sede da organização.

O embaixador deixou claro que se houver algum processo envolvendo o Brasil no órgão, ele não atuará como árbitro. Bem-humorado, Azevêdo disse que assistirá ao processo “na arquibancada”, mas como um “torcedor”. Ele ressaltou que os processos são conduzidos por árbitros e não pode haver ingerência política.

“O diretor-geral não tem o papel de arbitrar. Se o Brasil estiver em um contencioso, que poderá resultar em sanções, eu já digo desde já que não terei papel algum. Estarei apenas na arquibancada, talvez torcendo, mas não posso entrar em campo'”, disse Azevêdo que participa de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores na Câmara.

Azevêdo explicou que a OMC arbitra as diferenças entre os países, processo que é feito por um grupo de peritos, os chamados árbitros. Em geral, são três árbitros. “Não há ingerência do diretor-geral, o resultado dos árbitros pode levar ao órgão de apelação. Não há ingerências políticas. Se tem, está errado”, destacou ele.

O embaixador – que lida há 20 anos com questões referentes ao comércio internacional, representando o Brasil – lembrou que o governo brasileiro já se envolveu em vários contenciosos em defesa de produtos, como frango, açúcar e algodão. Ele lembrou que esses processos “são normais e naturais”.

Protecionismo

Azevêdo ressaltou que há uma tendência lenta de redução do protecionismo no mundo. Segundo ele, é preciso observar que várias economias mundiais enfrentam momento de sensibilidade, como a europeia e a norte-americana, que sofrem de maneira intensa os impactos da crise econômica internacional.

“Acredito que há uma tendência de reduzir o protecionismo, o que deve ser lento. Mas claro que as circunstâncias internacionais influenciam (o cenário). As grandes economias vivem um momento de grande sensibilidade, mas eu acredito que a tendência é diminuir (o protecionismo)”, disse o embaixador que participa de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores na Câmara.

Porém, o diplomata – que lida há 20 anos com questões referentes ao comércio internacional, representando o Brasil – explicou que à medida que as dificuldades internas aumentam também crescem as pressões em favor do protecionismo.

Azevêdo lembrou que atualmente a busca é pela competitividade. “O caminho é para obter a competitividade. Não acredito em modelos fechados, que olham para o mercado interno, não acredito que sejam modelos sustentáveis. (É preciso) buscar modelos para aumentar a competitividade”, ressaltou.

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