Bolívia anula eleições primárias em novo revés para Morales

Bolívia anula eleições primárias em novo revés para Morales

Por decreto, presidente Luis Arce cancelou “excepcionalmente” prévias dos partidos

AFP

"Buscam que ‘os donos’ dos partidos escolham seus candidatos a dedo", afirma Morales

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O presidente da Bolívia, Luis Arce, promulgou nesta segunda-feira, 19, a lei que anula as primárias para as eleições gerais de 2025, o que representa um novo revés para seu rival e ex-presidente Evo Morales em sua tentativa de disputar um novo mandato. Arce selou por decreto o acordo fechado no mês passado entre os partidos políticos e o Tribunal Supremo Eleitoral para cancelar, "excepcionalmente", o processo de eleição interna dos partidos.

"Para as eleições gerais de 2025, não serão realizadas eleições primárias de candidaturas do binômio presidencial", determina a lei assinada por Arce, que ele compartilhou em sua conta no X. As primárias foram incorporadas à lei eleitoral em 2018, mas as forças políticas e os juízes concordaram em cancelar a sua realização desta vez, para dar lugar às eleições judiciais de 1º de dezembro, que deveriam ter ocorrido no ano passado.

Mais além do calendário eleitoral sobrecarregado, a decisão representa um novo golpe para Morales em sua disputa com Arce pela indicação do governismo para as eleições presidenciais de 2025. O líder indígena, que governou a Bolívia entre 2006 e 2019, foi inabilitado pelos juízes para se candidatar novamente, mas tenta reverter o impedimento por meio da pressão popular e da eleição de juízes eleitorais que revisem essa decisão.

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Em sua estratégia, Morales pretendia disputar as primárias com Arce, seu ex-ministro das Finanças, que ainda não anunciou se buscará a reeleição. "Agora, como no passado neoliberal, buscam que ‘os donos’ dos partidos escolham seus candidatos a dedo. Este retrocesso democrático é vergonhoso", criticou na semana passada o ex-presidente.

Após a anulação das primárias, Arce vai atrás, agora, da aprovação de um referendo sobre a reeleição presidencial, que poderia, teoricamente, enterrar as aspirações de Morales de voltar a disputar a Presidência. As diferenças entre os dois também se manifestaram após o levante militar ocorrido em La Paz em junho. Enquanto Arce afirmou que se tratou de uma tentativa de golpe, Morales falou em autogolpe para melhorar a imagem presidencial.


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