Centros de detenção de migrantes serão abertos à imprensa, diz Trump

Centros de detenção de migrantes serão abertos à imprensa, diz Trump

Presidente norte-americano defendeu que alguns jornalistas serão autorizados a entrar para reportar após matérias denunciando precariedade de um espaço no Texas

AFP e Correio do Povo

Condições dos locais foram criticados por ativistas, legisladores e parte da imprensa

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O presidente americano Donald Trump disse neste domingo que os centros de detenção de migrantes, cujas condições precárias e de superlotação foram objeto de críticas nos últimos dias, abrirão suas portas a jornalistas. "Começarei a mostrar alguns desses centros de detenção à imprensa. Quero que a imprensa entre e os veja", disse o chefe de Estado a jornalistas em Morristown, Nova Jersey. "Deixaremos alguns jornalistas entrarem porque estão atestados", acrescentou.

Seus comentários são feitos depois que os jornais The New York Times e The El Paso Times publicaram no sábado uma reportagem que descrevia uma estação da Patrulha Fronteiriça em Clint, Texas, ocupada por centenas de crianças vestidas com roupa suja e trancados com doenças em celas. Trump classificou o conteúdo como falso. "Nós vamos ter alguns da imprensa, porque (os locais) estão lotados, e nós somos aqueles reclamando sobre isso", disse o presidente à imprensa.

No trabalho jornalístico intitulado "Com fome, medo e doente: dentro do centro de detenção de migrantes em Clint, Texas", o NYT detalha a condição do local. "O odor da roupa suja das crianças era tão forte que se estendeu para a roupa dos agentes. As pessoas da cidade apertavam seus narizes quando passavam por ali para ir trabalhar. As crianças choravam constantemente", disse a publicação.

"Uma menina parecia querer se suicidar, e os agentes a fizeram dormir em uma maca em frente a eles, para tê-la à vista enquanto faziam os trâmites dos recém-chegados", acrescenta. A matéria ecoou um relatório de controle do Departamento de Segurança Nacional (DHS, na sigla em inglês), publicado na semana passada, que advertiu sobre o "confinamento perigoso" em vários centros de detenção, onde são detidos milhares de migrantes que em geral fogem da violência e da pobreza, e tentam permanecer nos Estados Unidos.

Legisladores democratas que também visitaram os centros de detenção informaram sobre superlotação de celas e ausência de água corrente. Crianças e adultos não tinham acesso a medicamentos e não tomavam banho há duas semanas. Em um tuíte, Trump disse que "se os imigrantes ilegais não estão contentes com as condições nos centros de detenção construídos ou recondicionados rapidamente, diga a eles que não venham. Problema resolvido!".

New York Times rebate críticas à reportagem

O New York Times defendeu sua reportagem sobre as condições em um centro de detenção de imigrantes em Clint, no Texas, no domingo, depois que o presidente Trump criticou. "Estamos confiantes na exatidão de nossas reportagens nos centros de detenção da Patrulha de Fronteira dos EUA. Veja como reportamos o artigo de primeira página sobre as péssimas condições no centro de detenção de migrantes em Clint, Texas", twittou a conta de comunicações do jornal, anexando foto da fonte da história.

"Os relatos do que aconteceu em Clint e nas instalações próximas da fronteira são baseados em dezenas de entrevistas do The New York Times e El Paso Times sobre agentes e supervisores atuais e antigos da Patrulha de Fronteira; advogados, legisladores e assessores que visitaram a instalação; um pai imigrante cujos filhos foram mantidos lá ", afirma o artigo.


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