"Continuaremos a trabalhar para construir um país livre", diz presidente destituído na Catalunha

"Continuaremos a trabalhar para construir um país livre", diz presidente destituído na Catalunha

Separatista Carles Puigdemont pediu que cidadãos oponham à aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola

AFP

Separatista Carles Puigdemont pediu que cidadãos oponham à aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola

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O separatista Carles Puigdemont, destituído por Madri da presidência da Catalunha, pediu neste sábado que os cidadãos se oponham democraticamente à aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola que submeteu a região sob tutela do governo central. "Nós continuaremos a trabalhar para construir um país livre", afirmou em seu discurso televisado. A versão por escrito foi divulgada e tem a assinatura de "Carles Puigdemont, president da Generalitat (governo) da Catalunha".

Para ele, sua destituição e a dissolução do Parlamento para convocar eleições, decretados por Madri "são decisões contrárias à vontade expressa pelos cidadãos do nosso país nas urnas". Em um trecho crítico, pediu aos catalães para defenderem a República proclamada no dia anterior pelos partidos separatistas que dominam o Parlamento regional. "A etapa em que entramos temos que continuar defendendo com um incansável senso cívico e compromisso pacífico", afirmou.

Contudo, esta república proclamada após o referendo inconstitucional de 1 de outubro não foi reconhecida por nenhum país da comunidade internacional, que respaldou a postura de Rajoy. Ela também é rechaçada por grande parte da sociedade catalã, que está dividida quase em partes iguais entre partidários e contrários da independência, e
pelo poder econômico, diante da fuga de empresas iniciada após a controversa votação.

Presidente Carles Puigdemont é deposto

O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, destituiu o Parlamento catalão e depôs do cargo o presidente, Carles Puigdemont do seu cargo. Além disso, convocou eleições para 21 de dezembro. A decisão foi tomada pelo conselho de ministros da Espanha.

Trata-se da primeira aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola, que dá o direito do governo de intervir e retirar a autonomia da Catalunha. No começo do dia, numa sessão do Parlamento catalão foi declarada a independência unilateral da região. Quase ao mesmo tempo, em Madri, o Senado espanhol autorizou, por meio de votação, a aplicação do artigo 155.



Carles Puigdemont pediu nesta sexta-feira que os cidadãos se empenhem na luta pela independência de maneira cívica e pacífica, depois que o Parlamento regional declarou independência da Espanha. "Virão horas em que precisaremos manter o pulso deste país, mas mantê-lo principalmente no terreno da paz, no terreno do civismo e no terreno da dignidade", declarou Puigdemont ante deputados e prefeitos separatistas reunidos no Parlamento.

O discurso foi proferido após o parlamento da Catalunha ter aprovado nesta sexta-feira uma resolução declarando a independência desta região do nordeste da Espanha, enquanto que o Senado em Madri debatia a aprovação da intervenção da autonomia regional solicitada por parte do governo central.

"Declaramos que a Catalunha se converte em um Estado independente na forma de República", assegura a resolução aprovada com 70 votos a favor, dois em branco e dez contra após a votação secreta em um parlamento quase vazio devido à ausência de vários partidos da oposição.

Depois da votação, os deputados começaram a cantar o hino catalão, "Els Segadors", concluindo com um sonoro "Visca Catalunya" (Viva a Catalunha). Milhares de separatistas reunidos perto do Parlamento da Catalunha em Barcelona receberam a notícia com uma explosão de alegria. Os manifestantes aplaudiram aos gritos de "independência" e também cantaram o hino catalão com o punho para o alto. A independência de uma região dentro da atual União Europeia é um ato inédito, que foi duramente criticado pelas instituições em Bruxelas e pelos sócios do governo espanhol.

Quase ao mesmo tempo, em Madri, o Senado espanhol autorizou o governo de Mariano Rajoy a aplicar as medidas para intervir na autonomia da Catalunha, que incluem a destituição de seus líderes separatistas. A proposta apresentada pelo governo, baseada no artigo 155 da Constituição, foi aprovada por 214 votos a favor, 47 contra e uma abstenção, e será transmitida ao governo central e ao executivo catalão, segundo o presidente do Senado, Pio Garcia-Escudero.


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