Cordão industrial Quintero-Puchuncaví, décadas de abuso ambiental no Chile

Cordão industrial Quintero-Puchuncaví, décadas de abuso ambiental no Chile

Na costa central chilena, existem cerca de 15 fontes poluentes resultantes das indústrias

AFP

Nas "zonas de sacrifício", 50.000 chilenos pagam com a saúde os custos de habitar o cordão industrial

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Em apenas 500 hectares acima da baía de Quintero e Puchuncaví, na costa central do Chile, existem cerca de 15 fontes poluentes resultantes da geração de energia, do refino de cobre, armazenamento e distribuição de combustíveis e substâncias químicas. Situadas uma quase do lado da outra, formam o chamado cordão industrial Quintero-Puchuncaví, na região de Valparaíso, que relegou as atividades agrícolas e pesqueiras próprias desta zona.

Hoje seus 50.000 habitantes pagam com sua saúde os custos de viver em uma das cinco "zonas de sacrifício" do Chile. As empresas, que começaram a se instalar aqui em 1958, "operam sob normas ambientais precárias", denuncia à AFP Hernán Ramírez, engenheiro de pesca e pesquisador associado da Fundação Terram.

Principais empresas

A fundição e refinaria Ventanas, da estatal Codelco - a maior produtora mundial de cobre - processa 820.000 toneladas de concentrado de cobre por ano e 360.000 de ácido sulfúrico, sendo metade extraído por pequenos e médios mineiros. Em operações desde 1964 e operado pela Codelco desde 2005, o complexo emprega 858 pessoas, gerando prejuízos no valor de 50 milhões de dólares anuais. Em 2011, um vazamento de dióxido de enxofre provocou uma contaminação que intoxicou 42 crianças e professores da escola La Greda de Puchuncaví, o que resultou em uma multa de 50.000 dólares.

A Codelco - que responde por 11% do cobre mundial - investiu 160 milhões de dólares para reduzir suas emissões e avalia o fechamento da fundição. 

A Empresa Nacional de Petróleo do Chile (Enap) opera em Quintero o maior terminal petroleiro do país, no qual trabalham cerca de 400 pessoas. Mensalmente, recebe e entrega mais de 900.000 m3 de produtos e petróleo cru, que abastecem a totalidade da região Metropolitana. Na localidade vizinha de Concón, a cerca de 20 km de distância, fica a refinaria Aconcagua da Enap, com uma capacidade de processar 104.000 barris de petróleo cru por dia. A Enap opera também em Quintero a maior usina de regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) do Chile.

A elétrica Aes Gener, subsidiária da americana Aes, controla o complexo termoelétrico Ventanas, que conta com quatro usinas a carvão com uma capacidade instalada de 884 MW. A elétrica se comprometeu a fechar duas de suas unidades mais antigas, equivalentes a 322 MW, em 2022 e 2024.

A distribuidora de gás chilena Gasmar conta com cinco tanques para armazenar até 85.000 m3 de hidrocarbonetos e um terminal marítimo capaz de receber navios de transporte de gás de 54.000 m3, que a tornam uma das maiores abastecedoras de Gás Liquefeito de Petróleo do país.

A Companhia de Petróleos do Chile (Copec) opera um terminal que produz 100.000 toneladas de lubrificantes e 5.000 toneladas de gorduras de lubrificantes por ano.

A empresa Oxiquim armazena 126.000 m3 de agentes químicos em 37 tanques.

PABLO VERA / AFP / CP


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