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Dirigente do Hamas cita garantias dos EUA e anuncia conclusão de acordo para encerrar guerra

Trump afirmou que reféns devem ser liberados na segunda ou terça-feira

Negociador afirma que EUA e mediadores deram garantias de que guerra acabou
Negociador afirma que EUA e mediadores deram garantias de que guerra acabou Foto : Ahmad Gharabli / AFP / CP

O chefe da delegação negociadora do Hamas, Khalil al-Hayya, afirmou nesta quinta-feira, 9, que o grupo recebeu "garantias dos irmãos mediadores e do governo americano, todos confirmando que a guerra terminou completamente".

Em discurso, ele anunciou a conclusão de um acordo para encerrar a guerra na Faixa de Gaza, que inclui "o início da implementação de um cessar-fogo permanente, a retirada das forças de ocupação Israel, a entrada de ajuda humanitária e a reabertura da passagem de Rafah nos dois sentidos".

Segundo al-Hayya, o acordo também prevê a troca de prisioneiros, "com a libertação de 250 condenados à prisão perpétua e de 1.700 detidos da Faixa de Gaza que foram presos após 7 de outubro", além da libertação de todas as crianças e mulheres.

O dirigente acrescentou que o Hamas seguirá trabalhando com as forças nacionais e islâmicas para "completar as etapas restantes, garantir os interesses do nosso povo palestino, permitir que ele decida seu próprio destino e conquistar seus direitos até o estabelecimento de seu Estado independente, com Jerusalém como capital".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira que os reféns vivos restantes mantidos pelo Hamas serão libertados "na segunda ou terça-feira". "É realmente paz no Oriente Médio", disse ele.

Israel diz que todas as partes assinaram versão final da primeira fase de acordo

Israel afirmou, nesta quinta-feira, que todas as partes assinaram a versão final da primeira fase do acordo com o Hamas para um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns israelenses, com vistas a pôr fim a dois anos de guerra.

Este acordo entre Israel e Hamas foi elaborado a partir de um plano de 20 pontos apresentado pelo presidente americano, Donald Trump, e prevê a libertação dos reféns israelenses vivos em troca da soltura de cerca de 2 mil presos palestinos.

A porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, informou que todas as partes assinaram no Egito a versão final deste acordo para a primeira fase do plano, após negociações indiretas na cidade turística de Sharm el Sheikh, com a mediação de Estados Unidos, Catar e Turquia.

Em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, território devastado e assolado pela fome extrema, segundo a ONU, os palestinos aplaudiram, gritaram de alegria e dançaram após o anúncio do acordo, segundo imagens da AFP.

"Apesar de todos os mortos e da perda de entes queridos, hoje estamos felizes com o cessar-fogo. Apesar da tristeza e apesar de tudo, estamos felizes", afirmou Aiman al Najar.

Na praça dos reféns, em Tel Aviv, as pessoas também se abraçaram e comemoraram o anúncio que dá esperança de um retorno dos cerca de 20 sequestrados que seguem vivos.

Ainda persistem dúvidas sobre outros temas propostos pelo presidente americano, como o desarmamento do Hamas e a gestão de Gaza após a guerra por uma autoridade de transição chefiada por ele mesmo.

Os reféns que permanecem vivos após dois anos de cativeiro em Gaza desde o ataque do Hamas, em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra, serão libertados "em função das condições no terreno", disse uma fonte do movimento islamista palestino.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comemorou "um grande dia para Israel" e disse que Trump deveria receber o Prêmio Nobel da Paz.

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Gaza receberá ao menos 400 caminhões diários de ajuda

O Hamas pediu a Trump que pressione Israel para aplicar o acordo plenamente. Segundo uma fonte do movimento islamista, está previsto que pelo menos 400 caminhões de ajuda humanitária entrem diariamente na Faixa nos primeiros cinco dias de cessar-fogo.

A organização Crescente Vermelho egípcia afirmou, nesta quinta-feira, que 153 caminhões com ajuda humanitária estão a caminho da Faixa de Gaza.

A Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), organismo apoiado pela ONU, declarou estado de fome extrema em Gaza e uma agência das Nações Unidas atribuiu a situação à "obstrução sistemática de Israel", uma afirmação desmentida pelos israelenses.

Quase uma em cada seis crianças sofrem de desnutrição aguda em Gaza por causa da guerra, segundo um estudo publicado na revista The Lancet e financiado pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA).