Dois milhões de europeus pedem para ficar no Reino Unido pós-Brexit

Dois milhões de europeus pedem para ficar no Reino Unido pós-Brexit

Associação alega que consequências de eventual saída sem acordo preocupa população

AFP

Até o momento, 61% dos candidatos receberam status de residente permanente

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Quase dois milhões de cidadãos europeus solicitaram ficar e morar no Reino Unido após o iminente Brexit - apontam estatísticas divulgadas nesta quarta-feira. Somente em setembro, o número de solicitantes foi de 500 mil pessoas.

O número total de solicitações recebidas até o final do mês passado foi de 1.860.200, incluindo 520.600 recebidas em setembro, segundo dados do governo britânico. Após dois adiamentos da data de saída da União Europeia, o Reino Unido deve deixar o bloco em 31 de outubro.

Essa aceleração no registro de pedidos mostra que há muita preocupação, disse Nicholas Hatton, fundador da The3Million, uma associação que defende os interesses dos 3,3 milhões de cidadãos europeus residentes no país. "Quando as pessoas estão assustadas, elas se preocupam e tentam garantir seu status, e o governo as assusta muito com o risco de um Brexit sem acordo", explicou.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, insiste em que seu país deixará a UE no final do mês - com, ou sem acordo -, apesar das temidas consequências econômicas e sociais da última opção. Mais de 1,5 milhão de pedidos já foram aceitos, de acordo com estatísticas oficiais.

Até o momento, 61% dos candidatos receberam o status de "residente permanente", no caso de viverem no país há cinco anos, ou mais, enquanto 38% dos pedidos aceitos foram para os europeus instalados no Reino Unido por menos tempo. Poloneses (347.300), romenos (280.600) e italianos (200.700) lideram a lista de solicitações.

No caso de um Brexit sem acordo, os cidadãos dos outros 27 países da UE têm até 31 de dezembro de 2020 para enviar seu pedido de permanência no Reino Unido. Hatton questionou sobre as consequências para as pessoas que não o fizerem o pedido até essa data.

"Vamos ter centenas de milhares de pessoas sem documentos em 1º de janeiro de 2021?", pergunta ele, especialmente preocupado com os idosos. "Alguns não sabem o que devem fazer, estão em asilos, ou são pessoas doentes. E, com o Brexit, isso pode influenciar os tratamentos médicos que recebem", acrescenta.


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