Embaixador do Brasil no Equador garante votação
Fernando Simas Magalhães disse que a comunidade brasileira está em segurança
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Desde a madrugada, várias regiões do Equador foram tomadas por protestos de policiais que reagem ao fim das concessões de bônus e gratificações, por ordem do presidente do Equador, Rafael Correa. Houve manifestações em Quito e nas principais cidades do país o que provocou confrontos entre os manifestantes e os simpatizantes de Correa. O presidente do Equador declarou estado de exceção.
Correa relatou que há um clima de golpe de Estado no Equador. Por determinação dele, os ministros das Relações Exteriores, Ricardo Patiño, e da Política (espécie de Gabinete Civil), Doris Solís, pediram apoio às associações e grupos civis organizados.
Chávez e Lula conversam sobre a crise
A crise chegou a ser tema de conversa entre os presidentes brasileiro e venezuelano, Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez. Por telefone. Chávez tranquilizou Lula sobre a situação equatoriana, segundo a Presidência da República brasileira. Lula manifestou sua solidariedade e apoio ao colega Rafael Correa. Mais cedo, o Itamaraty expressou “total apoio e solidariedade do Brasil ao presidente Rafael Correa e às instituições democráticas equatorianas” por meio de uma nota oficial.
O diplomata concedeu entrevista à Agência Brasil nesta quinta-feira. Confira os principais trechos:
Agência Brasil – O clima no Equador é de golpe de Estado?
Fernando Simas Magalhães – Pelas informações de autoridades do governo, se houver um golpe de Estado, não será no estilo tradicional. Mas no Equador, os movimentos políticos fluem muito rápido. O que começou como um movimento de um grupo isolado de policiais insatisfeitos com mudanças definidas pelo governo ganhou uma outra dimensão durante o dia. É preciso observar e manter o alerta.
ABr – O que está acontecendo de fato no Equador?
Magalhães– Aparentemente o que gerou a tensão foi um ato promovido por militares, da Polícia Nacional, que desaprovou as últimas medidas adotadas pelo governo de suspender o pagamento de bonificações destinadas à categoria. O movimento era uma ação isolada, mas acabou ganhando algumas adesões. Pela manhã, militares da Força Aérea equatoriana fecharam a Base Aérea em Quito em apoio a estes militares. Então é preciso aguardar para observar até onde esses manifestações vão se estender.
ABr – Pela manhã, o presidente ameaçou dissolver o Parlamento e em seguida, vieram as manifestações. Uma situação tem relação com a outra?
Magalhães – A tensão aumentou no momento que presidente Rafael Correa resolvir ir até o local onde estava o maior número de manifestantes. Houve agressões. Também ocorreram desentendimentos entre os manifestantes favoráveis ao governo e os contrários. Está na Constituição o direito ao presidente de dissolver a Assembleia Nacional em casos específicos. É a morte cruzada, como chamam aqui. Não é nova a afirmação do presidente, há muito tempo ele faz referência a este mecanismo da Constituição.
ABr – O presidente Correa tem apoio de outros setores para evitar o agravamento da crise?
Magalhães – O alto comando militar já informou que é subordinado ao presidente Rafael Correa e que obedece às suas orientações. Há um clima de instabilidade, mas os setores específicos que apoiam o governo buscam manter a ordem e prestar solidariedade ao presidente da República.
ABr – A comunidade brasileira está segura? Será possível manter a votação no domingo?
Magalhães – A comunidade brasileira está em segurança. Enviamos circulares para todos os brasileiros, cadastrados na embaixada, informando sobre o que está ocorrendo e relacionando com as eleições de domingo. A princípio está mantida a votação, sem alterações. Mas temos de observar os acontecimentos e ver quais são as orientações.