EUA anuncia que retomará sanções contra Venezuela após inabilitação de opositora de Maduro

EUA anuncia que retomará sanções contra Venezuela após inabilitação de opositora de Maduro

O Tribunal Superior de Justiça manteve a inabilitação política de Machado e, por isso, Washington decidiu que "não renovará a licença" que dá alívio ao setor de petróleo e gás

AFP

"Os Estados Unidos estão cada vez mais envolvidos na solução constitucional e democrática que a Venezuela deve dar e estão forçando o regime nesse sentido a eleições abertas", disse o advogado da líder da oposição, Perkins Rocha

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Os Estados Unidos anunciaram, nesta terça-feira, 30, que vão retomar as sanções ao setor de petróleo e gás da Venezuela, depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) manteve a inabilitação política da deputada da oposição María Corina Machado.

A nova etapa da relação entre Washington e o governo de Nicolás Maduro durou pouco mais de três meses, com o princípio de uma flexibilização parcial das sanções econômicas decidida em outubro.

Desde que essa medida foi estabelecida em apoio ao acordo de Barbados, firmado entre a oposição e o governo de Maduro para promover eleições livres no país, os EUA demonstraram insatisfação com o combinado venezuelano de libertar presos políticos e estabelecer garantias eleitorais.

Nesta terça-feira, quatro dias depois que o TSJ manteve a inabilitação política de Machado, Washington decidiu que "não renovará a licença" que dá alívio ao setor de petróleo e gás, quando expirar em 18 de abril de 2024, disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, em um comunicado.

O anúncio ocorre horas após o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) do Departamento do Tesouro americano ter dado o prazo de até 13 de fevereiro para "liquidar qualquer transação pendente" com a Minerven, a mineradora estatal de extração de ouro da Venezuela.

Falta de avanços

O governo do presidente Joe Biden toma essa medida "na falta de avanços" entre o governo venezuelano e a Plataforma Unitária, de oposição, "particularmente em relação a permitir que todos os candidatos presidenciais concorram nas eleições deste ano", acrescentou.

Desde outubro, as autoridades americanas questionam, sobretudo, a detenção nos últimos dias de 36 pessoas, entre civis e militares, acusadas por Caracas de estarem vinculadas a cinco "conspirações" para assassinar Maduro.

"As ações de Nicolás Maduro e de seus representantes na Venezuela, incluindo a prisão de membros da oposição democrática e a proibição de candidatos de concorrer nas eleições presidenciais deste ano, são inconsistentes com os acordos firmados em Barbados", queixou-se Miller.

O TSJ selou uma inabilitação política de 15 anos contra Machado, que venceu com folga as eleições primárias da principal aliança de oposição. Ela reagiu, afirmando que "Nicolás Maduro não vai escolher o candidato do povo, porque o povo já escolheu seu candidato".

Maduro não dá o braço a torcer.

"O que sei é que os Estados Unidos estão cada vez mais envolvidos na solução constitucional e democrática que a Venezuela deve dar e estão forçando o regime nesse sentido a eleições abertas, eleições transparentes que permitam a alternância que há 24 anos a Venezuela não tem", analisou o advogado da líder da oposição, Perkins Rocha.

Maduro não dá o braço a torcer. "Quem pediu pressão máxima? Quem pediu a invasão de tropas americanas na Venezuela? Quem pediu a destruição da indústria petrolífera? (...) Quem pediu isso? O povo venezuelano conhece os sobrenomes: os Guaidós, os López, o Machado, os Borges", afirmou na noite de segunda-feira em seu programa de televisão, citando os sobrenomes de diversos adversários políticos.

Para Washington, o acordo de Barbados "continua a ser o mecanismo mais viável para resolver a crise política, econômica e humanitária de longa duração da Venezuela e realizar eleições competitivas e inclusivas" no país sul-americano.

Isso exige que a oposição tenha "o direito de escolher, livremente, seus candidatos para as eleições presidenciais de 2024", previstas para o segundo semestre deste ano, acrescentou o porta-voz.

Há dias Biden era pressionado, inclusive pelo próprio Partido Democrata, a retomar as sanções.

Alguns congressistas republicanos exigem que o governo busque "cooperação internacional para a prisão e extradição de Nicolás Maduro", a quem Washington acusou em 2020 de tráfico de drogas.

O Departamento de Justiça americano chegou a oferecer uma recompensa de US$ 15 milhões (R$ 77,3 milhões na cotação atual) por informações que levassem à sua captura.

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