EUA condenam “brutalidade” do EI em relatório sobre direitos humanos

EUA condenam “brutalidade” do EI em relatório sobre direitos humanos

O "index" faz um levantamento do quadro dos direitos humanos em cada país, menos os EUA

AFP

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Em seu relatório anual sobre a situação global dos direitos humanos, o governo americano denunciou, nesta quinta-feira, as "atrocidades" e a "brutalidade" dos grupos islamitas armados, principalmente Estado Islâmico (EI), Al-Qaeda e Boko Haram.

O volumoso informe publicado todo ano pelo Departamento de Estado aponta, em geral, as violações de direitos humanos cometidas pelos governos.

Embora o foco do relatório seja "no comportamento dos governos - que assumem a responsabilidade pela promoção e pela proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais em seus territórios -, o ano de 2014 será lembrado também pelas atrocidades cometidas por atores não-estatais".

No prefácio do texto, Kerry afirma que grupos islamitas armados "deixaram claro que não apenas eles não têm qualquer consideração pelos direitos humanos, como tampouco pela vida humana, ponto".

"Toda semana traz novos exemplos do quão longe o mal desses grupos alcança", completa o documento, que relata decapitações, pessoas queimadas vivas, meninas vendidas como escravas e civis sendo "ampla e indiscriminadamente" executados.

O subsecretário de Estado para Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Tom Malinowski, descreveu 2014 como "um ano difícil para os direitos humanos" e apresentou uma lista de países onde liberdades básicas foram perdidas, ou estão sob ataque.

O "index" do Departamento de Estado faz um levantamento do quadro dos direitos humanos em cada país - menos nos Estados Unidos.

"Não incluímos nosso próprio registro nesse relatório porque não podemos ser observadores objetivos do nosso próprio comportamento", justifica o órgão, ressaltando, contudo, que "o escrutínio de grupos de direitos humanos" foi bem-vindo.

Marcando uma inflexão em relação a edições passadas, o relatório de 2014 ressalta o surgimento de grupos como o EI, junto com o avanço de outras organizações terroristas já estabelecidas, entre elas a Al-Qaeda na Península Arábica, a Al-Qaeda no Magreb Islâmico, o Boko Haram na Nigéria e os shebab somalis.

"Nenhum acontecimento foi mais perturbador do que o aumento de grupos como o Daesh (acrônimo do EI em árabe)", declarou o secretário de Estado americano, John Kerry, ao divulgar o documento.

"A brutalidade desses atores é uma das tendências mais evidentes do '2014 Country Reports'", descreve o documento, divulgado com quatro meses de atraso.

Ao mesmo tempo, discriminou alguns países, como Síria e Irã, pela repressão das liberdades. China, Arábia Saudita, Egito, Rússia, Cuba e Etiópia também aparecem na lista negra.

Na véspera da nova rodada de negociações sobre o programa nuclear de Teerã entre Kerry e o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, o Departamento de Estado alertou: "o Irã continuou a restringir severamente as liberdades civis, incluindo as liberdades de reunião, de discurso, de religião e de imprensa". O texto destacou "a violência e a repressão com motivação política" no país.

Coerção e controle da Internet

Apenas um dia depois de conversas de alto nível entre autoridades chinesas e americanas, em Washington, o Departamento de Estado condenou "a repressão e a coerção por parte do governo chinês" em 2014, que "continuaram a ser rotina".

Destacando a censura e as severas restrições nas liberdades de expressão, de religião e de associação, em especial no Tibete e em relação ao povo uigur em Xinjiang, o relatório observa que "os cidadãos não tiveram condições de mudar seu governo e contaram com formas limitadas de enfrentar o abuso das autoridades".

O documento trata ainda de Cuba, país com o qual os Estados Unidos se encontram no processo de descongelamento de relações, após mais de meio século de ruptura.

"Segundo relatos, as autoridades cubanas teriam usado ameaças, agressões físicas e intimidação" entre seus métodos para conter reuniões pacíficas, além de realizar mais de 9.000 prisões arbitrárias - o número mais alto nos últimos cinco anos.

Outra tendência observada no relatório foi o papel das mídias sociais e das novas tecnologias "no combate, assim como na execução das violações de direitos humanos".

Segundo o texto, governos autoritários teriam buscado reprimir, abertamente, as liberdades na Internet, com 41 países tentando aprovar leis para punir, ou restringir o discurso on-line.

Ao mesmo tempo, tecnologias e ferramentas como imagens de satélite, vídeos e "crowdsourcing" estão se tornando vitais para documentar abusos de direitos humanos em lugares onde o acesso ainda é difícil.

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