A Casa Branca anunciou neste sábado (1º) que os Estados Unidos não enviarão nenhum representante de alto nível para a COP30, a cúpula climática que será realizada em Belém do Pará a partir de 10 de novembro. A decisão ocorre em um momento em que o presidente Donald Trump mantém o foco em impulsionar a indústria de combustíveis fósseis no país.
"Os Estados Unidos não enviarão nenhum representante de alto nível à COP30," disse um funcionário da Casa Branca sob condição de anonimato. O funcionário complementou que o presidente está "dialogando diretamente com líderes de todo o mundo sobre questões energéticas, como evidenciado pelos acordos históricos de comércio e paz, que têm um foco significativo em parcerias energéticas."
Ausência na Cúpula de Líderes
O governo brasileiro já esperava a ausência de Trump e de qualquer representante político de alto escalão na Cúpula de Líderes da COP30, que será realizada nos dias 6 e 7 de novembro. Além dos Estados Unidos, a Argentina também confirmou sua ausência nesta sexta-feira (31).
A diplomacia brasileira e ambientalistas, nos bastidores, já temiam que uma participação americana pudesse criar obstáculos nas discussões, afirmando que a ausência de Trump seria, na verdade, o melhor cenário para o andamento da conferência. Vale lembrar que, ao retornar ao poder, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris, o que terá efeito a partir de 2026. Apesar de ter saído do Acordo de Paris, os EUA seguem como membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).
O governo Lula busca, no entanto, a participação de líderes de peso "comprometidos" com a agenda do clima. A estimativa atual é que 57 chefes de Estado e de governo participem da reunião de líderes, embora o governo tenha evitado divulgar uma lista detalhada dos nomes confirmados. A expectativa é que a maioria dos presentes venha de países da América Latina, África e Europa.
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Agenda brasileira e expectativas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende usar a cúpula de líderes como plataforma para lançar o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF), promover discussões vinculadas à fome e à pobreza, e buscar apoios para um compromisso de quadruplicar a produção e o consumo de biocombustíveis.
A programação da Cúpula começa com reuniões bilaterais de Lula no dia 5. O presidente fará a abertura no dia 6 pela manhã. Em paralelo aos discursos, haverá um almoço sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre. O embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, indicou que o governo brasileiro está negociando algumas declarações de adesão, mas não haverá um documento final assinado por todos os países.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que a expectativa é que os líderes cheguem com boas sinalizações para influenciar positivamente a COP30. Ela defendeu que sejam abordados temas como financiamento e a transição rumo ao fim do uso de combustíveis fósseis, um termo já acordado durante a COP28 em Dubai. O que se espera da Cúpula de Líderes, segundo Marina, é que ela possa fornecer um "termo de referência" para os negociadores que permanecerão durante o período da conferência, entre 10 e 21 de novembro.
Com informações do Estadão Conteúdo.