EUA reduz presença no Iraque para cumprir promessa de Trump de acabar com "guerras intermináveis"

EUA reduz presença no Iraque para cumprir promessa de Trump de acabar com "guerras intermináveis"

Presença militar no país passará de aproximadamente 5,2 mil para 3 mil em setembro

AFP

Nova redução foi anunciada nesta quarta

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Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira uma nova redução de suas forças militares no Iraque. A decisão é alinhada com a promessa do presidente Donald Trump, que está concorrendo à reeleição nas eleições de novembro, de encerrar as "guerras sem fim" americanas no mundo. "Os Estados Unidos decidiram reduzir sua presença militar no Iraque de aproximadamente 5.200 para 3 mil durante o mês de setembro", disse o general Kenneth McKenzie, chefe do comando militar dos EUA no Oriente Médio, nesta quarta-feira.

Em discurso em Bagdá por ocasião da posse do novo comandante da coalizão de combate ao Estado Islâmico (EI), McKenzie explicou que a decisão se deve "à confiança na maior capacidade de atuação das Forças de Segurança do Iraque de forma independente". Ele insistiu que os Estados Unidos continuarão a apoiar o país em sua luta contra o Estado Islâmico (EI), ainda disperso e ativo no Iraque e na Síria.

Os Estados Unidos estão comprometidos com o "objetivo final" de um Iraque onde as forças locais sozinhas possam impedir o retorno do EI e garantir "a soberania iraquiana sem ajuda externa", afirmou. "O caminho tem sido difícil, o sacrifício foi grande, mas o progresso foi significativo", disse o general, acrescentando que uma presença limitada será mantida na Síria para combater o EI.

O Pentágono colocou 5.200 soldados norte-americanos no Iraque no final de 2019, a maior parte do contingente de 7.500 homens da coalizão internacional naquele país. Um alto funcionário do governo disse que Trump também anunciará em breve uma retirada das tropas do Afeganistão, onde os Estados Unidos mantêm 8.600 soldados, sob um acordo bilateral assinado em fevereiro com os talibãs.

Trump, que ficou para trás nas pesquisas lideradas por seu rival democrata Joe Biden, tenta cumprir sua promessa de encerrar o envolvimento dos Estados Unidos em guerras estrangeiras e trazer de volta os militares.

Durante um comício de campanha na Carolina do Norte, Trump reiterou na terça-feira sua promessa de encerrar o envolvimento dos Estados Unidos em "guerras sem fim". "Estamos trazendo nossas tropas de todos esses lugares distantes", afirmou. "Gastamos bilhões de dólares e o que ganhamos?", questionou, sem deixar de lembrar que "Biden votou pela guerra no Iraque."

EUA vs. Irã

No ano passado, as forças dos Estados Unidos, sua embaixada em Bagdá e comboios de logística foram alvo de dezenas de ataques com mísseis, com pelo menos seis militares mortos: três americanos, um britânico e dois iraquianos. Autoridades americanas atribuem a violência a facções próximas a Teerã. Como inimigas de longa data de Washington, exigem que as tropas americanas deixem o Oriente Médio.

Novamente na terça-feira, um comboio que se dirigia a uma base iraquiana que abrigava soldados dos EUA foi atingido por uma bomba, matando um iraquiano. As tensões entre Washington e Teerã aumentaram em janeiro de 2020 depois que as forças dos EUA eliminaram o poderoso general iraniano Qasem Soleimani e o iraquiano Abu Mehdi al Muhandis, o líder operacional da Hashd al-Shaabi, uma coalizão paramilitar pró-iraniana.

Esse incidente levantou temores de um conflito aberto entre o Irã e os Estados Unidos. Nesse contexto, os parlamentares xiitas iraquianos votaram pela expulsão de soldados estrangeiros do país, incluindo americanos.

Durante conversações em Washington em agosto com o primeiro-ministro iraquiano Mustafa al Kazimi, Trump mencionou novamente uma retirada militar do Iraque, mas foi vago sobre seu escopo e a declaração subsequente relatou uma "redistribuição" das forças dos EUA.

Os Estados Unidos intensificaram sua presença nos últimos meses em outros países da região onde mantém bases militares, como Arábia Saudita e Kuwait, para manter a pressão sobre o Irã. Embora Trump muitas vezes afirme ter um forte apoio dentro das Forças Armadas e defenda maior financiamento para o Pentágono, seu mandato foi marcado por frequentes desentendimentos com os militares.

O ex-secretário de Defesa Jim Mattis se afastou em dezembro de 2018, ao criticar particularmente a estratégia diplomática de Trump, enquanto o atual chefe da pasta, Mark Esper, e o chefe do Estado Maior, Mark Milley, tiveram diferenças com o presidente por razões políticas.

 

 

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