Europol diz que ciberataque deixou 200 mil vítimas em ao menos 150 países

Europol diz que ciberataque deixou 200 mil vítimas em ao menos 150 países

Número pode continuar aumentando

AFP

Vários hospitais britânicos foram atingidos na sexta-feira pelo ciberataque

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O ciberataque mundial iniciado na sexta-feira deixou 200 mil vítimas, principalmente empresas, em ao menos 150 países, afirmou o diretor da Europol, Rob Wainwright. Ele concedeu uma entrevista à rede britânica ITV neste domingo.

"Realizamos operações contra 200 ciberataques por ano, mas nunca havíamos visto nada assim", ressaltou o chefe da Europol. Wainwright teme que o número de vítimas siga crescendo "quando as pessoas voltarem ao trabalho na segunda-feira e ligarem o computador".

Investigadores e especialistas tentam neste domingo seguir o rastro dos responsáveis pelo ciberataque sem precedentes em escala mundial, que poderiam agir novamente nos próximos dias. A ação dos hackers perturbou o funcionamento dos hospitais britânicos, das fábricas da Renault, da companhia americana FedEx, do sistema bancário russo ou de universidades de Grécia e Itália, entre outros.

Além disso, ocorreu de "forma indiscriminada" e "se propagou muito rapidamente", acrescentou Wainwright. "É muito difícil identificar e inclusive localizar os autores do ataque. Realizamos um combate complicado diante de grupos de cibercriminalidade cada vez mais sofisticado que recorrem à encriptação para dissimular sua atividade. A ameaça é crescente", ressaltou também, antes de dizer que "ainda não sabemos os motivos" dos hackers, embora "geralmente sejam do tipo criminoso".

A Europol informou ainda que o ataque é de "um nível sem precedentes" e "exigirá uma investigação internacional complexa para identificar os culpados", e indicou a criação de uma equipe específica de seu Centro Europeu de Cibercriminalidade para ajudar na investigação. "Os criminosos cibernéticos podem acreditar que operam incógnitos, mas vamos utilizar todo o arsenal a nossa disposição para levá-los à justiça", ressaltou Oliver Gower, diretor adjunto da National Crime Agency britânica.

Herói

A ministra britânica do Interior, Amber Rudd, advertiu em um artigo publicado no jornal Sunday Telegraph que é possível esperar outros ataques e destacou que "talvez nunca conheçamos a verdadeira identidade dos autores" do ataque de sexta-feira. Por sua vez, o investigador em cibersegurança britânico de 22 anos que permitiu frear a propagação do vírus alertou neste domingo que os hackers podem voltar à ação mudando o código e que, neste caso, será impossível detê-los.

Os computadores "não estarão seguros até que a correção seja instalada o mais rápido possível", tuitou em sua conta @MalwareTechBlog. O investigador, que deseja permanecer no anonimato, foi tratado como um herói que "salvou o mundo" pela imprensa britânica. O jornal Sunday Mail encontrou uma fotografia do jovem, que se dedica ao surfe em seu tempo livre e que vive na casa dos pais, no sul da Inglaterra.

Da Rússia à Espanha e do México ao Vietnã, milhares de computadores de todo o mundo foram invadidos por um programa que aproveitou uma falha do sistema operacional Windows, divulgada em documentos vazados da agência de segurança americana NSA. O vírus bloqueia os documentos dos usuários e os hackers exigem que suas vítimas paguem uma soma de dinheiro na moeda eletrônica bitcoin para permitir que acessem novamente seus arquivos. Segundo Rob Wainwright, "ocorreram poucos pagamentos até agora", mas não divulgou números.

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