Evo Morales pede que opositores "assumam responsabilidade de pacificar país"

Evo Morales pede que opositores "assumam responsabilidade de pacificar país"

Ex-presidente agradeceu solidariedade de parte da população boliviana

R7

Morales renunciou e pede pacificação do país para a oposição

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Evo Morales, que renunciou à presidência da Bolívia nesse domingo, pediu aos líderes da oposição Fernando Camacho e Carlos Mesa que "assumam a responsabilidade" de pacificar o país em publicação feita no Twitter na manhã desta segunda-feira.

"Mesa e Camacho, discriminadores e conspiradores, passarão pela história como racistas e golpistas. Que assumam sua responsabilidade de pacificar o país e garantir a estabilidade política e a convivência pacífica de nosso povo. O mundo e bolivianos patriotas repudiam o golpe", diz a publicação.

 

Poucos minutos depois, Morales escreveu agradecendo a solidariedade da população boliviana. "Muito agradecido com a solidariedade do povo, irmãos de Bolívia e do mundo que se comunicam com recomendações, sugestões e expressões de reconhecimento e nos dão alento, força e energia. Me emocionaram até me fazer chorar. Nunca me abandonaram, nunca os abandonarei", completou.

Eleições seguidas por confrontos

Na manhã desse domingo, o então presidente havia anunciado sua decisão de convocar novas eleições, após mais de duas semanas de mobilizações dos cidadãos que consideravam ter havido fraude eleitoral, com confrontos entre apoiadores e opositores de Morales. Horas antes, um relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) alertou para graves irregularidades nas últimas eleições gerais boliviana.  

Juan Carlos Huarachi, líder da Central Operária Boliviana, um poderoso sindicato pró-governo, disse que Morales deveria se afastar se isso ajudasse a acabar com a recente onda de violência. "Se isso significa renunciar para trazer a paz ao povo da Bolívia, então senhor presidente devemos fazê-lo", afirmou. Durante a noite, em mensagem televisionada, o governante anunciou sua 

Vazio político 

A renúncia de Evo Morales, após três semanas de protestos contra sua reeleição e depois de perder o apoio das Forças Armadas, deixa um vácuo de poder na Bolívia, onde no momento ninguém sabe quem comanda o país. A Constituição prevê que a sucessão começa com o vice-presidente, depois passa para o titular do Senado e depois para o presidente da Câmara dos Deputados, mas todos eles renunciaram com Morales.

As renúncias do vice-presidente Álvaro García, da presidente e do vice-presidente do Senado, Adriana Salvatierra e Rubén Medinacelli, e do titular da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, criaram portanto uma situação de incerteza e vazio sobre a cadeia de sucessão constitucional.

Neste cenário, a segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, reivindicou o direito de assumir a presidência da Bolívia. "Ocupo a segunda vice-presidência e na ordem constitucional me corresponderia assumir este desafio com o único objetivo de convocar novas eleições", afirmou Añez em uma entrevista ao canal Unitel.

Detenções no Tribunal Eleitoral

Os resultados de uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgados ontem, que apontavam "sérias irregularidades" nas eleições, desencadearam os acontecimentos que levaram à renúncia de Morales. Durante a manhã, ao tomar conhecimento do relatório, o agora ex-presidente anunciou novas eleições, mas a notícia não foi suficiente para conter a ira da oposição.

Morales enfrentou durante o domingo uma avalanche de renúncias de altos funcionários, em alguns casos depois de terem tido suas casas incendiadas, e a pressão decisiva dos militares e da polícia, que pediram sua renúncia. "Pedimos ao presidente de Estado que renuncie a seu mandato presidencial e permita a pacificação e a manutenção da estabilidade, pelo bem de nossa Bolívia", disse o comandante em chefe das Forças Armadas, o general Williams Kaliman.

Após a renúncia de Morales, a polícia prendeu a presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), María Eugenia Choque, e outros funcionários do organismo por ordem do Ministério Público, que investiga irregularidades cometidas nas eleições.

 

 


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