Ex-assessor da Casa Branca não se apresenta para depôr sobre impeachment

Ex-assessor da Casa Branca não se apresenta para depôr sobre impeachment

Executivo denuncia uma "caça de bruxas" e pediu que membros da administração não cooperem com investigação

AFP

Casa Branca denuncia uma "caça de bruxas"

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O confronto entre a Casa Branca e os legisladores que investigam os méritos de um impeachment do presidente Donald Trump teve uma reviravolta nesta segunda-feira, quando uma testemunha-chave não se apresentou para depôr, provocando acusações de obstrução ao trabalho do Congresso.

Charles Kupperman, que até setembro era o adjunto do então assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, não compareceu à convocação, depois de pedir na sexta-feira à justiça que resolva as "demandas irreconciliáveis" do Executivo, que lhe havia ordenado negar-se a dar seu testemunho, e o Legislativo. "Não se apresentou", disse a jornalistas o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, Adam Schiff, rejeitando a demanda apresentada por Kupperman.

A oposição da Casa Branca ao comparecimento de Kupperman mostra "que acreditam que seu testemunho seria incriminatório do presidente", acrescentou Schiff. A demanda de Kupperman pode ter consequências importantes para a investigação iniciada há um mês pela oposição democrata, que busca estabelecer se o presidente republicano abusou de seu poder para fins pessoais quando pediu à Ucrânia que investigasse sua rival democrata Joe Biden, que poderá disputar a reeleição 2020.

A Casa Branca denuncia uma "caça de bruxas" e se nega a cooperar com essas investigações. Para isso, pediu aos membros da administração (assessores, diplomatas, secretários) que não responderam aos mandatos dos legisladores, alegando a necessidade de proteger o trabalho presidencial, e especialmente a "confidencialidade" dos intercâmbios com seu entorno. Entretanto, nove pessoas já testemunharam nos comitês da Câmara Baixa que conduzem a investigação, incluindo o embaixador dos Estados Unidos na União Europeia, Gordon Sondland.

Por outro lado, várias repartições oficiais se negaram a entregar documentos. Para Schiff, esses bloqueios representam um "obstáculo" para o bom funcionamento do Congresso e poderia motivar uma eventual acusação do presidente na Câmara de Representantes antes de um julgamento no Senado. Schiff disse que a apelação de Kupperman "não tinha base legal" e que também poderá resultar em um "julgamento por obstrução".

Segundo a mídia americana, o ex-assessor foi testemunha da polêmica conversa telefônica de 25 de julho entre Trump e seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, cuja divulgação originou pesquisa. Kupperman interessa especialmente aos democratas devido à sua proximidade com Bolton, uma testemunha privilegiada dos esforços do entorno de Trump na Ucrânia.

Segundo um de seus antigos colaboradores, Bolton estava alarmado pelos passos dados por Rudy Giuliani, advogado pessoal de Trump, para forçar Kiev a buscar informação incriminatória sobre Biden. Schiff disse neste domingo que quer ouvir o testemunho de Bolton, demitido de seu cargo em setembro. 


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