Ex-embaixadora na Ucrânia depõe em inquérito de impeachment contra Trump, que reage

Ex-embaixadora na Ucrânia depõe em inquérito de impeachment contra Trump, que reage

Presidente criticou Marie Yovanovitch durante depoimento dela e levantou debate sobre intimidação de testemunhas

AFP e Correio do Povo

Embaixadora depôs nesta sexta

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atacou pelo Twitter a ex-embaixadora norte-americana na Ucrânia Marie Yovanovitch, enquanto ela depunha em uma audiência pública no Congresso para um possível impeachment. O tuíte foi publicado quando ela testemunhava diante da Câmara dos Representantes em uma audiência que busca determinar se o Republicano abusou de seu cargo para benefício político pessoal. "Em todos os lugares onde Marie Yovanovitch se meteu, deu errado", disse Trump, em relação ao desemprenho da ex-diplomata.

Ele acrescentou que a saída de seu cargo em maio passado dizendo que foi "absolutamente correto" e defendeu que é um poder absoluto de um presidente do país indicar embaixadores. A medida, conforme Trump, foi tomada após sua segunda conversa com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenski.

Quando Adam Schiff, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes pediu que ela respondesse a mensagem de Trump. "Não posso dizer o que o presidente está tentando fazer, mas acho que o efeito é intimidante", disse Yovanovitch. Durante seu depoimento, ela contou que nem todos os ucranianos "abraçaram" os trabalhos anticorrupção dos EUA. "Assim, talvez, não surpreenda que, quando nossos esforços anticorrupção atrapalham o desejo de lucro ou poder, os ucranianos que preferem seguir as regras antigas e corruptas tentam me remover. O que continua a me surpreender é que eles encontraram americanos dispostos a fazer parceria com eles e, trabalhando juntos, aparentemente conseguiram orquestrar a remoção de um embaixador dos Estados Unidos", afirmou.

"Esses eventos devem preocupar a todos nesta sala. Os embaixadores são o símbolo dos Estados Unidos no exterior, são o representante pessoal do presidente. Se nosso principal representante estiver de joelhos, isso limitará nossa eficácia para salvaguardar os interesses vitais de segurança nacional dos Estados Unidos", completou.

A diplomata ainda refutou calmamente o argumento do conselheiro republicano Steve Castor de que Trump estava legitimamente preocupado com ucranianos influentes estarem "armando contra o presidente". "Não posso falar pelo que o presidente Trump pensava ou pelo que os outros pensavam. Eu diria apenas que esses elementos que você recitou não me parecem um tipo de plano ou conspiração do governo ucraniano para trabalhar contra o presidente Trump ou qualquer outra pessoa. Quero dizer, são incidentes isolados. Todos nós sabemos que a vida pública pode ser, você sabe, as pessoas são críticas. Isso não significa que alguém ou um governo esteja minando uma campanha ou interferindo nas eleições. Gostaria de lembrar novamente que, nos próprios EUA, a comunidade de inteligência determinou conclusivamente que aqueles que interferiram na eleição estavam na Rússia".

Intimidação

Durante um recesso na audiência, o legislador disse à imprensa: "Não bastava que a embaixadora Yovanovitch fosse caluniada, não bastava que fosse atacada, não bastava que fosse retirada do serviço sem razão nenhuma", disse, agora está sentindo a "intimidação a testemunhas em tempo real por parte do presidente dos Estados Unidos". Schiff, que lidera a audiência, apontou que alguns legisladores levam "muito a sério a intimidação de testemunhas".

Yovanovitch e testemunhas disseram antes que ela foi removida por uma campanha de difamação do advogado do presidente, Rudy Giuliani, acusado ajudar o mandatário americano a coordenar os esforços para pressionar Kiev a investigar seu rival democrata, Joe Biden. Esta diplomata de carreira conta, agora, o seu lado da história em público e diante da televisão nacional, enquanto os legisladores democratas reforçam seu caso contra o presidente.

"A embaixadora Yovanovitch estava servindo aos interesses de nossa nação na luta contra a corrupção na Ucrânia", disse Schiff na abertura da sessão. "Mas foi considerada um obstáculo para a promoção do presidente e de sua agenda política. Por isso, foi caluniada e afastada". Devin Nunes, republicano à frente do painel, contra-atacou reduzindo a importância do caso, definindo como "Watergate de fantasias". "Os democratas nos convenceram mais uma vez que avançam em sua operação para derrubar um presidente que foi eleito de forma devida", acrescentou.

 

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