Ex-secretário de Defesa do México é detido nos EUA por narcotráfico e lavagem de dinheiro

Ex-secretário de Defesa do México é detido nos EUA por narcotráfico e lavagem de dinheiro

Salvador Cienfuegos estava sendo investigado há pelo menos dez anos

AFP

Ex-secretário de defesa do México, Salvador Cienfuegos (à direita), estava sendo investigado pelo DEA há pelo menos dez anos

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O ex-ministro da Defesa Nacional do México, Salvador Cienfuegos (2012-2018), foi detido no aeroporto de Los Angeles, na Califórnia. O anúnciou foi feito pelo chanceler mexicano, Marcelo Ebrard.

Segundo a Promotoria do Brooklyn, Cienfuegos foi acusado perante um tribunal de Nova York por três crimes de narcotráfico, e um, de lavagem de dinheiro, entre 2015 e 2017, quando era membro do gabinete. Os promotores afirmam que ele "conspirou para produzir e distribuir" nos Estados Unidos heroína, metanfetaminas, cocaína e maconha entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2017.

A acusação deste general apelidado de "El Padrino", datada de 14 de agosto de 2019, foi divulgada apenas nesta sexta-feira. Em sua coletiva de imprens, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, afirmou que "é muito lamentável que um ex-secretário da Defesa seja detido acusado por vínculos com o narcotráfico" e assegurou que não há investigação alguma contra Cienfuegos no México.

Ele explicou que, há duas semanas, a embaixada do México nos Estados Unidos já havia lhe informado sobre a investigação. O líder esquerdista também alertou que os possíveis envolvidos com Cienfuegos que continuam ativos no Exército "serão suspensos, retirados e, se for o caso, colocados à disposição das autoridades competentes".

Dez anos de investigação

A imprensa mexicana informou que Cienfuegos, de 72 anos, foi detido pelas autoridades americanas ao desembarcar no país com a família. O MP mexicano não respondeu aos pedidos de informação sobre se o general da reserva era investigado no México ou nos Estados Unidos.

O "Wall Street Journal" informou em seu site que o ex-ministro mexicano foi detido "a pedido da DEA", a agência que luta contra as drogas nos Estados Unidos, e citou como fontes "altos funcionários mexicanos".

Mike Vigil, ex-chefe de operações internacionais da DEA e que esteve mais de uma década no México, disse à AFP via telefone que soube de "rumores" sobre um possível vínculo de Cienfuegos com o crime organizado, mas sem elementos suficientes para acusá-lo. A revista mexicana "Proceso" revelou que a detenção foi "resultado de uma investigação de corrupção por narcotráfico de vários anos, por parte do Departamento de Justiça" dos Estados Unidos.

De acordo com a revista, que cita fontes do Departamento de Justiça americano, "há pelo menos dez anos, antes de Cienfuegos assumir a Secretaria de Defesa", seus passos eram investigados no país.

Outros comandantes do Exército mexicano também começaram a ser investigados quando a Justiça dos Estados Unidos "começou a compilar evidências para fundamentar os processos de narcotráfico contra Joaquín Chapo Guzmán Loera", conhecido como "El Chapo, afirma a publicação. Um dos líderes do cartel de Sinaloa foi extraditado em 2017 para os Estados Unidos, onde foi condenado à prisão perpétua.

Cienfuegos comandou a Secretaria de Defesa durante o governo do presidente Enrique Peña Nieto, do outrora hegemônico Partido Revolucionário Institucional (PRI). Sua detenção nos Estados Unidos é a segunda de um ex-membro desta administração.

Acusado de conspiração para traficar ao menos 53 toneladas de cocaína para os Estados Unidos, o ex-secretário de Segurança Pública do México Genaro García Luna foi detido em Dallas (Texas), em dezembro de 2019, e está preso em Nova York. E o próprio Peña Nieto enfrenta acusações de corrupção.


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