Ex-telegrafista de Auschwitz é encaminhada à Justiça

Ex-telegrafista de Auschwitz é encaminhada à Justiça

Tribunal deverá decidir no próximo ano se levará adiante um julgamento

AFP

publicidade

Uma ex-telegrafista de Auschwitz, de 91 anos, foi encaminhada à justiça alemã por "cumplicidade" no extermínio de pelo menos 260 mil judeus em 1944, anunciou nesta segunda-feira a procuradoria citada pela agência de notícias alemã DPA. O tribunal de Kiel (norte) deverá decidir no próximo ano se levará adiante o julgamento, dependendo da gravidade das acusações, mas também da saúde da acusada, indicou o procurador-geral Heinz Döllel.

O caso será analisado pela justiça especializada em crimes cometidos por menores porque ela tinha menos de 21 anos no momento dos crimes. A condenação neste verão a quatro anos de prisão de Oskar Gröning, ex-contador de Auschwitz que pediu "perdão" aos 94 anos, parecia um possível ponto final de uma longa história jurídica, apesar da vontade alemã de julgar até o último criminoso do Terceiro Reich.

O tribunal de Kiel não divulgou a identidade da ex-telegrafista, que integrou um corpo feminino destinado a ajudar nos campos de concentração, dizendo apenas que ela foi processada pelo período de abril a julho de 1944. Estes três meses correspondem, nomeadamente, ao extermínio em massa de judeus húngaros, a um ritmo jamais alcançado nas câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau.

Oskar Gröning também teve de responder por seu papel na "Operação Hungria". Outro ex-guarda de Auschwitz indiciado este verão pelo tribunal de Hanau (oeste), de 92 anos, também está a cargo do sistema de justiça juvenil.
Hans Lipschis, voluntário na Waffen SS em 1942, também espera uma decisão sobre um eventual julgamento. Ele é acusado por "cumplicidade" na morte de pelo menos 1.075 deportados após sua chegada no campo de concentração icônico do Holocausto, localizado na Polônia ocupada.

As acusações dizem respeito a dois comboios vindos de Berlim e Westerbork (Holanda) e um terceiro do campo francês de Drancy em 23 de junho de 1943. Os procedimentos tardios ilustram o aumento da severidade da justiça alemã em relação ao passado nazista ainda vivo, desde a condenação em 2011 de John Demjanjuk, antigo guarda em Sobibor, a cinco anos de prisão: apenas sua presença no acampamento foi suficiente para que fosse condenado como cúmplice de assassinato, sem evidências de ações mais específicas.

De acordo com o chefe do escritório federal responsável pela investigação de crimes nazistas, uma dúzia de investigações de ex-guardas dos campos de concentração ainda estão em curso, embora "muitas tiveram que ser abandonadas" devido à morte ou a condição física dos suspeitos. Cerca de 1,1 milhão de pessoas, incluindo um milhão de judeus, morreram entre 1940 e 1945 em Auschwitz, campo que foi libertado pelas tropas soviéticas em janeiro de 1945.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895