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Ex-vice-presidente dos EUA Dick Cheney morre aos 84 anos

Dirigente político marcou época ao ser o arquiteto da ideia de “guerra ao terror”

Ex-vice-presidente dos EUA Dick Cheney morre aos 84 anos
Ex-vice-presidente dos EUA Dick Cheney morre aos 84 anos Foto : David McNew/Getty Images/AFP

Um dos políticos mais poderosos da história dos Estados Unidos, Dick Cheney morreu nesta terça-feira aos 84 anos, segundo informações da rede de notícias norte-americana CNN. A morte foi provocada por complicações relacionadas a uma pneumonia, além de doenças cardíacas e vasculares, segundo a família.

Vítima de problemas coronários durante quase toda sua vida adulta, Cheney sofreu cinco ataques cardíacos entre 1978 e 2010 e usava um marca-passo desde 2001.

Enquanto vice-presidente de George W. Bush, Cheney foi o arquiteto da política de “guerra ao terror” que impulsionou os Estados Unidos a combater terroristas logo após os atentados de 11 de setembro de 2001. Além disso, levou o exército americano a entrar no Iraque.

Cheney foi o 46º vice-presidente e esteve ao lado de Bush por dois mandatos, entre 2001 e 2009. Durante décadas, ostentou grande poder na política americana, contrastando com seus últimos anos de vida. Ainda que tenha permanecido como um conservador fervoroso, acabou sendo excluído pelo Partido Republicano por conta das críticas a Donald Trump, definindo o atual chefe de Estado como “covarde” e “a maior ameaça para a república”.

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Cheney surpreendeu os americanos durante as eleições de 2024 ao anunciar que votaria na candidata democrata, Kamala Harris, por considerar que Donald Trump não estava apto para ocupar a Casa Branca.

"Temos o dever de colocar o país acima de nossas divisões para defender a Constituição", declarou ao apoiar Kamala.

Elogios de Bush

Bush elogiou Dick Cheney como "um dos melhores servidores públicos de sua geração" e "um patriota que trouxe integridade, alta inteligência e seriedade de propósito a cada cargo que ocupou", segundo um comunicado.

Nascido em Lincoln, Nebraska, em 30 de janeiro de 1941, Cheney cresceu no estado pouco populoso do Wyoming, na região oeste do país.

Ele estudou na Universidade de Yale, mas abandonou a prestigiosa faculdade da costa leste e acabou obtendo um diploma em Ciências Políticas em casa, na Universidade do Wyoming.

Republicano convicto, Cheney dedicou-se à política e, em 1978, conquistou uma cadeira por Wyoming na Câmara de Representantes, posição que manteve durante a década seguinte.

Nomeado secretário de Defesa pelo presidente George H. W. Bush em 1989, Cheney comandou o Pentágono durante a Guerra do Golfo de 1990-91, na qual uma coalizão liderada pelos Estados Unidos expulsou as tropas iraquianas do Kuwait.

O poder do Executivo

Como vice-presidente, Cheney levou sua ideologia neoconservadora à Casa Branca e desempenhou um papel mais importante na tomada de decisões do que a maioria de seus antecessores no cargo.

Ele ajudou a introduzir uma noção agressiva do Poder Executivo, segundo a qual o presidente deveria operar quase sem restrições por parte dos congressistas ou dos tribunais, especialmente durante períodos de guerra.

A abordagem levou George W. Bush a envolver o país em atoleiros militares no Afeganistão e no Iraque e provocou grande polêmica sobre seu impacto nas liberdades civis.

Cheney foi apontado como um dos principais responsáveis pela decisão de invadir o Iraque após os ataques de 11 de setembro de 2001, executados pela Al-Qaeda.

Suas alegações imprecisas de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa alimentaram o clamor pela guerra antes da invasão americana de 2003.

Cheney no cinema

A trajetória de Cheney na vida e na política americana rendeu até um filme, lançado em 2018. Em “Vice”, o político por interpretado por Christian Bale. A película conta a história do dirigente político, a relação com a esposa Lynne Cheney e a chegada à Casa Branca após um convite de Bush.