Familiares de vítimas protestam contra decisão do Brasil de libertar Battisti

Familiares de vítimas protestam contra decisão do Brasil de libertar Battisti

Itália apresentará recurso à Corte Internacional de Justiça de Haia

AFP

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A decisão do Brasil de libertar o ex-ativista de extrema-esquerda italiano Cesare Battisti foi classificada de "infame" pelos parentes de vítimas do terrorismo na Itália. "Foi como receber um soco no estômago", afirmou o representante de uma associação de vítimas do terrorismo italiano, Alberto Torregiani, à emissora pública Rai.

"Eu já esperava, mas uma coisa é pensar isso e outra é ver com os próprios olhos", enfatizou Torregiani, filho de Pierluigi, um joalheiro assassinado em 1979 em Milão, em um atentado reivindicado pelos Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), o grupo que Battisti liderava.

Torregiani espera organizar manifestações de protesto em toda a península. "Creio que os cidadãos italianos devem manifestar sua indignação. É preciso mandar um sinal forte para o Brasil e o mundo inteiro. Porque a justiça não pode ser pisoteada pelos juízes amigos do amigo", acrescentou.

O primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi também manifestou indignação e revolta com a decisão do Brasil e anunciou que apresentará um recurso à Corte Internacional de Justiça de Haia. "A Itália recebeu com grande desgosto a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a favor da libertação de Battisti", disse Berlusconi hoje.

O presidente do país, Giorgio Napolitano, também condenou a decisão e anunciou que apoiará qualquer recurso de Roma para tentar reverter a situação. "A decisão do STF prejudica gravemente os acordos assinados entre Itália e Brasil" afirmou Napolitano em um comunicado.

A Itália exigia a extradição de Battisti para que cumprisse a condenação à prisão perpétua no país, por suposta participação em quatro assassinatos cometidos na década de 70, nos chamados "anos de chumbo", quando era integrante de um grupo armado de ultraesquerda.


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