Fernández quer unir Estado, sociedade e empresas para erradicar fome na Argentina

Fernández quer unir Estado, sociedade e empresas para erradicar fome na Argentina

Candidato presidencial pelo peronismo de centro-esquerda apresentou plano alimentar para o país

AFP e Correio do Povo

Candidato disse que país deveria ter vergonha por 15 milhões de pessoas que estão em situação de pobreza

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O opositor Alberto Fernández, favorito nas pesquisas para as eleições presidenciais de 27 de outubro, lançou nesta segunda-feira um plano para enfrentar a fome na Argentina, país produtor de alimentos, onde a pobreza alcança 35,4% da população. "Não é possível que no país do trigo, no país das vacas, (o preço) do pão e do leite não parem de subir e eles estejam em falta na mesa dos argentinos. O que é preciso 'reperfilar' primeiro são os preços da cesta de alimentos, para que todos tenham acesso a ela", disse Fernández, candidato presidencial pelo peronismo de centro-esquerda.

Na Faculdade de Agronomia da cidade de Buenos Aires, Fernández disse que "a única mensagem que quero deixar é que esquecemos todas as diferenças, vamos nos reunir para acabar com a fome na Argentina. Não podemos viver em paz com esse flagelo", afirmou. Depois de se referir à luta contra a fome como "uma obsessão" que ele tem "com Cristina (Kirchner, a ex-presidente que é sua vice)", o candidato mais votado nas prévias disse que essa é uma "batalha que devemos tomar como sociedade, não é uma batalha de um presidente ou partido político". "Estamos comovidos com a vergonha de ver a miséria ao nosso lado. Um garoto mal alimentado é um garoto que não desenvolve bem suas habilidades. E ele é um garoto sem futuro".

Fernández propôs unir Estado, empresas e organização da economia popular em um conselho federal, com o objetivo de reduzir os preços da cesta básica, aplicar uma política alimentar para todo o país e implementar um cartão para setores vulneráveis. Impulsionada pela forte desvalorização do peso e inflação fora de controle, estimada em 55% este ano, a cesta de alimentos é avaliada em cerca de 14.000 pesos (US$ 234) para uma família de cinco, 59% a mais do que em agosto de 2018 - um percentual muito superior ao aumento dos salários. O chefe da Coordenadoria das Indústrias de Produtos Alimentícios (COPAL), Daniel Funes de Rioja, antecipou que as empresas do setor acompanharão a iniciativa e poderão colaborar com a doação de 1% de sua produção. 

O candidato e disse que "devemos ter vergonha" da fome. "Dizemos que somos o país que produz alimentos para 400 milhões de pessoas e não podemos alimentar 15 milhões em situação de pobreza. Isso não é fixado por um plano, mas por uma Argentina que se destaca". De acordo com o último relatório do
Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec), divulgado há uma semana, no primeiro semestre de 2019, o número de pessoas abaixo da linha da pobreza cresceu para 35,4%, em comparação com 27,3% no mesmo período de 2018. O percentual representa cerca de 15,9 milhões de pessoas em todo o país.

O governo do liberal Mauricio Macri, que tenta se reeleger, pediu em setembro negociações para reperfilar (adiar os prazos de pagamentos) a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que lhe concedeu, em 2018, um empréstimo de US$ 57 bilhões em troca de um programa de forte ajuste fiscal. 

 

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