Forças americanas iniciam ofensiva aérea em cidade afegã tomada pelos talibãs
População vive escondida em meio a explosões e tiros no país
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De acordo com os militares americanos, que anunciaram bombardeios em apoio às forças afegãs, os combates pararam às 8h (0h30min de Brasília), mas correspondentes relataram ter ouvido tiros três horas mais tarde. "Ainda ouvimos tiros de várias direções. Os talibãs entram e saem da cidade, são dezenas. A sede do Departamento de Reconstrução está em chamas", afirmou um comerciante, Asif Panahi.
Segundo o chefe da polícia de Ghazni, Farid Ahmad Marshal, "os combatentes talibãs iniciaram o ataque às 23h (de quinta-feira) contra as barreiras de segurança em torno da cidade e os combates com as forças de defesa prosseguem". "Avançaram pela cidade e dispararam morteiros contra as casas", declarou o porta-voz do governador provincial, Arif Noori, mencionando vários mortos e feridos entre os soldados, além de 30 entre os talibãs. "Aconteceram ataques múltiplos contra os edifícios do governo, mas os combates terminaram às 8h.
As forças americanas responderam com apoio aéreo de proximidade (com helicópteros de ataque) e executaram bombardeios com drones", afirmou o porta-voz das tropas dos Estados Unidos, o tenente-coronel Martin O'Donnell. "As forças afegãs controlam a região. Foi uma nova tentativa em vão dos talibãs para conquistar território e aparecer nos jornais", completou.
O porta-voz da presidência do país, Shah Hussain Murtazawi, relatou que as forças especiais estão a caminho. O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, declarou em um comunicado que "este ataque é parte da ofensiva de primavera" iniciada em maio. "Centenas de mujahedines, equipados com armas pesadas, tomaram os postos de controle da cidade", anunciou. No total, "140 membros das forças inimigas foram abatidos ou feridos e as perdas entre os mujahedines são pequenas".
No Facebook, "Yasan", um morador de Ghazni, indicou que "os talibãs estão na cidade e usam os alto-falantes da mesquita para dizer à população que permaneça em casa. Ouvimos fortes explosões e tiros, estamos aterrorizados". "Não podemos sair", confirmou o comerciante Mohamad Haleem. "Os talibãs estão por todos os lados, impedem a nossa saída".
Desde que os talibãs conseguiram assumir por algumas horas, em duas oportunidades, o controle de Kunduz, a capital econômica do norte do país, em outubro de 2015 e 12 meses depois, as Forças Armadas afegãs passaram a concentrar os esforços ao redor das capitais provinciais. A entrada dos insurgentes em Ghazni, perto de Cabul, acontece menos de três meses após a ocupação por um dia de Farah.