Franco será exumado de seu mausoléu e levado para outro local em junho

Franco será exumado de seu mausoléu e levado para outro local em junho

Local foi construído por milhares de presos políticos a mando do ditador

AFP

Iniciativa foi anunciada em junho pelo presidente do governo Pedro Sánchez

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Os restos mortais do ditador espanhol Francisco Franco serão exumados do mausoléu onde repousam desde 1975 e serão sepultados no dia 10 de junho perto de um cemitério da região de Madri, anunciou nesta sexta-feira a vice-presidente do governo, Carmen Calvo. "O enterro dos restos mortais de Franco acontecerá pela manhã, e o local para onde irão será o panteão de Mingorrubio-El Pardo, que é estatal e fica nas proximidades de Madri", afirmou a política.

"O local reúne as condições idôneas de segurança e adequação para receber com decoro e com respeito os restos mortais". No mesmo panteão está Carmen Polo, a esposa do general que, depois de vencer a Guerra Civil de 1936-1939, governou a Espanha até 1975, indicou Carmen Calvo. O governo informou que a exumação acontecerá no mesmo dia.

A operação, no entanto, enfrenta obstáculos. O primeiro é que acontecerá após as eleições legislativas de 28 de abril, que pode resultar na formação de um governo conservador e relutante à medida. Carmen Calvo explicou que o gabinete do momento "tem que fazer", obrigado pelas medidas adotadas até agora. O outro obstáculo é o recurso apresentado pelos netos do ditador ao Tribunal Supremo, que poderia provocar a suspensão cautelar da exumação.

Desde sua morte em novembro de 1975, o caixão de Franco está no Vale dos Caídos, um imponente mausoléu a 50 km de Madri, que por decisão do ditador foi construído por milhares de presos políticos nos anos 40 e 50 do século passado. No templo católico, dominado por uma imponente cruz de 150 metros, também estão os restos mortais de quase 27.000 combatentes leais a Franco e das vítimas de seu regime, quase 10.000 republicanos retirados de fossas comuns e cemitérios e levados para o local sem aviso prévio às famílias.

O túmulo do general galego, acessível ao público e reverenciado por seus nostálgicos, fica no altar da basílica, sempre coberto com flores, uma "tumba de Estado" e de "exaltação" que para o governo socialista é inaceitável. A iniciativa de retirar Franco do Vale dos Caídos foi anunciada em junho pelo presidente do governo Pedro Sánchez, poucos dias depois de chegar ao poder.

A ideia inicial era concluir a operação em julho, mas esbarrou nos sucessivos recursos dos netos do ditador. Ao mesmo tempo que o governo prosseguia com os passos legai para adotar a medida, os descendentes do ditador foram contrários inicialmente ao plano de exumação. Depois solicitaram o novo sepultamento na Catedral de Almudena, em pleno centro de Madri, um local muito visitado e descartado pelo governo, que deseja um lugar discreto.


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