Ghosn renuncia à presidência da Renault

Ghosn renuncia à presidência da Renault

Ele está preso no Japão há mais dois meses por irregularidades financeiras

Correio do Povo

Ghosn renuncia à presidência da Renault

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Preso no Japão há mais dois meses devido a uma série de irregularidades financeiras, o executivo franco-brasileiro Carlos Ghosn demitiu-se da presidência do Conselho da Renault na noite dessa quarta-feira, informou o Ministro da Economia e Finanças da França, Bruno Le Maire. O anúncio foi durante uma entrevista à agência de notícias Bloomberg nos bastidores do Fórum Econômico Mundial em Davos, na manhã desta quinta. "Agora é hora de colocar em prática uma nova governança, porque o mais importante hoje é preparar o futuro da Renault e da aliança com a Nissan", acrescentou.

• Leia mais sobre o caso Carlos Ghosn

A montadora japonesa anunciou nesta manhã, em um comunicado, ter começado o processo de organização de uma assembleia geral extraordinária para meados de abril, para ratificar a demissão de Ghosn e nomear um novo membro escolhido pela Renault. Este é "um sinal positivo", disse o ministro. Os estatutos determinem que o CEO da entidade, registrada na Holanda, seja indicado pela Renault, enquanto a Nissan escolhe o vice-presidente. A Renault detém 43% da Nissan, que detém 15% da Renault (mas sem direito a voto) e 34% da Mitsubishi. Legalmente, o poder está nas mãos da Renault.

O executivo deve ser substituído como presidente pelo chefe da Michelin, Jean-Dominique Senard, e como CEO por Thierry Bolloré, disseram pessoas a par do assunto. Senard, de 65 anos, será o presidente do conselho. Ele goza de um mecenato social e é favorecido pelo governo francês, enquanto o estado é o maior acionista da Renault, com 15% do capital e cerca de 22% dos direitos de voto.

Ghosn já havia sido destituído da presidência da Nissan e da Mitsubishi Motors, mas a Renault decidiu mantê-lo em seu cargo, uma situação que gerou uma crise na aliança entre as montadoras, criada em 1999. Os comandos das duas primeira empresas estudam processar o ex-presidente. Elas o acusam de receber compensação indevida de joint venture (empreendimento conjunto). Segundo as empresas, o executivo recebeu cerca de 9 milhões de dólares. De acordo com as montadoras, o dinheiro foi pago sob um contrato assinado por Ghosn com a joint venture, sem a aprovação do conselho de administração.

A Promotoria de Justiça de Tóquio suspeita que o empresário tenha cometido irregularidades na declaração de lucros. Ele afirmou ter recebido menos do que realmente ocorreu. Conforme o órgão, a remuneração do homem totalizou quase 1,1 bilhão de ienes, ou cerca de US$ 9,7 milhões de dólares, em 2016. Porém, para o ano fiscal de 2017, o executivo relatou um total de 730 milhões de ienes.

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