Gorbachev alerta para risco de conflito armado entre EUA e Rússia

Gorbachev alerta para risco de conflito armado entre EUA e Rússia

Parlamento russo analisa resolução condenando a "anexação" da Alemanha Oriental pela Alemanha Ocidental em 1989

AFP

Gorbachev alerta para risco de conflito armado entre EUA e Rússia

publicidade

O último líder soviético, Mikhail Gorbachev, acusou nesta quinta-feira os Estados Unidos de conduzirem a Rússia para uma nova Guerra Fria, podendo dar início a conflito armado entre os dois países. A declaração foi dada antes de uma reunião da União Europeia para discutir sanções contra Moscou por seu papel na crise ucraniana.

A guerra de palavras entre russos e ocidentais está no auge, e a cada dia surgem novas acusações ou recriminações. Enquanto os combates continuam no leste da Ucrânia, onde pelo menos seis civis morreram em bombardeios na região de Donetsk, russos, ucranianos e, por vezes, europeus, tomaram a História como refém para fins políticos.

O exemplo mais recente: o Parlamento russo, a Duma, está considerando uma resolução condenando a "anexação" da Alemanha Oriental pela Alemanha Ocidental, em 1989, após a queda do Muro de Berlim. A medida ocorre pouco depois de uma polêmica entre a Rússia e a Polônia sobre a abertura dos portões do campo de extermínio nazista de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.

A escalada verbal e as novas sanções de Washington contra Moscou levaram o último líder soviético a acusar os Estados Unidos de levar o mundo à guerra. "Temos ouvido falar de sanções dos Estados Unidos e da União Europeia contra a Rússia. Perderam a cabeça?", declarou Mikhail Gorbachev à agência de notícias Interfax. Washington "está nos conduzindo a uma nova Guerra Fria", criticou o ex-líder de 83 anos. "E depois, o que será? Eu não sou capaz de dizer com confiança que isso não nos levará de fato a uma guerra", concluiu.

A declaração do Prêmio Nobel da Paz vem no momento em que os ministros de Relações Exteriores da UE estão reunidos na Bélgica nesta quinta-feira para considerar novas sanções contra a Rússia. De acordo com fontes diplomáticas, Bruxelas está se movendo em direção a uma extensão da sua lista negra de pessoas punidas por seu envolvimento no conflito, mas não prevê aumentar as sanções econômicas que pesam até o momento sobre a Rússia.

Durante uma conversa por telefone com o presidente ucraniano Petro Poroshenko, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, indicou na quarta-feira que o preço a ser pago "continuará a aumentar" para Moscou, "enquanto a Rússia não cessar as suas violações flagrantes das suas obrigações". O Kremlin é acusado pelos ucranianos e o Ocidente de apoiar militarmente os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia e de enviar suas tropas regulares aos combates.

A Rússia, cujas relações com o Ocidente enfrentam uma crise de gravidade sem precedentes desde a queda da União Soviética, nega qualquer envolvimento direto no conflito, que já custou mais de 5 mil mortes em nove meses. Os ocidentais elevaram o tom contra Moscou desde o ressurgimento da violência, especialmente após o bombardeio da cidade portuária ucraniana de Mariupol, que matou 31 civis. 


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895