Guaidó chama Maduro de "cínico" por propor eleições parlamentares antecipadas

Guaidó chama Maduro de "cínico" por propor eleições parlamentares antecipadas

Eleições devem ser realizadas em dezembro de 2020

AFP

Imprensa foi proibida de entrar no Palácio Legislativo, onde Guaidó discursava

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O líder da oposição Juan Guaidó chamou nesta terça-feira o presidente Nicolás Maduro de "cínico", por ter proposto a antecipação das eleições parlamentares para resolver a crise política na Venezuela. "É muito cínico insinuar que ele está disposto a se submeter-se a uma eleição quando ele roubou em 2018. Dissociação, loucura", disse o chefe do Legislativo, o único poder nas mãos da oposição, em intervenção na Câmara.

O líder socialista reiterou nesta segunda-feira sua proposta de avançar as eleições legislativas, que devem ser realizadas em dezembro de 2020, como forma de solucionar a crise, mas sem mencionar uma data. A sugestão foi feita por Maduro diante de milhares de apoiadores convocados um ano após as eleições presidenciais, também antecipadas, nas quais ele foi reeleito até 2025. Essas eleições não foram reconhecidas pela oposição nem por Estados Unidos, União Europeia e países latino-americanos. "Eu quero eleições já!", disse Maduro.

Em seu discurso, Guaidó também denunciou a Assembleia Constituinte, que na segunda-feira aprovou uma medida para continuar atuando como potência plenipotenciária até 31 de dezembro de 2020. "É cínico dizer à Venezuela que vão ampliar um período de uma Constituinte que não existe, quando nos últimos três meses eles não falaram nem uma vez sobre o problema da água, da gasolina", disse. 

Na prática, a Assembleia Constituinte substituiu as funções do Parlamento, declarado em desacato pelo Supremo Tribunal de Justiça, acusado de servir ao governo. Guaidó pediu mais uma vez às Forças Armadas para darem as costas a Maduro, a quem o alto comando ratificou seu apoio após a fracassada rebelião de um grupo de soldados contra ele, liderada pelo líder da oposição em 30 de abril.

"Chegou o momento, senhores das Forças Armadas, de dar um passo, não estamos pedindo mais nada (...) é o momento de agir, falar, ficar do lado da Constituição", disse Guaidó, em uma sessão para a qual a Guarda Nacional, que protege o Palácio Legislativo, proibiu a entrada da imprensa.

Em seu Twitter, Guaidó publicou o vídeo de seu discurso. O qual não pode ser visto ao vivo, já que houve um bloqueio no acesso às redes.

De acordo com a organização não governamental NetBlocks, no momento da transmissão ao vivo do discurso de Juan Guaidó, o acesso aos serviços do YouTube, Bing, Google e Periscope do Twitter estavam restringidos nacionalmente, ou seja, não funcionavam no país. A organização foi fundada para monitorar a liberdade de acesso à internet. 

A restrição das redes sociais durou três horas, conforme relatório publicado também pela NetBlocks. 

O bloqueio nacional foi associado ao governo Maduro, que foi acusado de censura por diversas redes de notícias, uma destas compartilhada por Guaidó, a qual ele comentou "até a palavra temem". "Se tens dúvidas de um regime fraco e em pânico: atacam a mídia, censuram, removem papel, desligam estações de rádio e televisão e também removem o acesso à internet", terminou.


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