Após fechar o acordo sobre a primeira fase do cessar-fogo com Israel, o Hamas convocou neste sábado, 11,7 mil militantes para reassumir o controle de áreas de Gaza desocupadas pelos israelenses. Um líder do movimento islamista palestino disse que o desarmamento do grupo está 'fora de discussão'.
As duas posições, no segundo dia de trégua, podem complicar a implementação das próximas etapas do plano de paz de Donald Trump. 'A proposta de entregar as armas está fora de discussão e não é negociável', disse o alto funcionário, sob condição de anonimato. Segundo o presidente americano, o desarmamento do Hamas seria abordado na segunda fase do plano, que prevê, além da desmilitarização do grupo terrorista, sua exclusão de qualquer governo futuro do território.
Na semana passada, Michael Milshtein, chefe do Fórum de Estudos Palestinos do Centro Moshe Dayan, da Universidade de Tel-Aviv, já tinha descartado tal possibilidade. 'O Hamas diz que Deus está com aqueles que são pacientes. Eles sabem que agora é um momento de contenção, mas vão voltar no futuro', afirmou.
De acordo com a rede britânica BBC, o Hamas nomeou cinco novos governadores para as regiões desocupadas, todos com experiência militar, alguns dos quais comandaram brigadas de seu braço armado, para supervisionar as operações. A ordem teria sido emitida por meio de telefonemas e mensagens de texto, que convocavam 'uma mobilização geral' para 'limpar Gaza de foras da lei e colaboradores de Israel'. Os militantes deveriam se apresentar entre sábado e domingo.
Na quinta-feira, após aprovar o plano de cessar-fogo, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que não faria concessões sobre o desarmamento do Hamas e a desmilitarização de Gaza. 'Se isso for alcançado da maneira fácil, melhor. Caso contrário, será feito da maneira difícil', disse.
Na sexta-feira, Trump ainda demonstrou otimismo com o plano e disse que, 'na maior parte', há consenso sobre as próximas etapas, mas admitiu que 'alguns detalhes ainda precisam ser resolvidos'. Ele deve discutir o assunto na cúpula de amanhã em Sharm el-Sheikh, no Egito, com o presidente da França, Emmanuel Macron, os premiês de Espanha, Pedro Sánchez, e Itália, Giorgia Meloni, e o chanceler alemão, Friedrich Merz - além de representantes e diplomatas de países árabes e islâmicos.
O chefe do Comando Central dos EUA (Centcom) afirmou no sábado que visitou Gaza para discutir a estabilização pós-guerra e insistiu que nenhum soldado americano pisará no território palestino. O almirante Brad Cooper disse que o objetivo é 'apoiar a estabilização do conflito'. Steve Witkoff, enviado de Trump ao Oriente Médio, e Jared Kushner, genro do presidente, também estiveram na comitiva do almirante. Parte dos 200 soldados americanos já chegaram a Israel para ajudar no recebimento dos reféns e monitorar o cessar-fogo.
Os militares dos EUA coordenarão uma força-tarefa multinacional que incluirá tropas de Egito, Catar, Turquia e Emirados Árabes. Enquanto isso, Israel seguiu neste sábado normalmente o cronograma do plano de Trump e começou a transferir prisioneiros palestinos para duas prisões, antes de trocá-los pelos reféns. A informação foi confirmada pelo serviço penitenciário israelense. A expectativa é que 2 mil palestinos sejam trocados por 20 reféns vivos e pelos corpos de 28 israelenses.