Israel bombardeou nesta terça-feira (28) a Faixa de Gaza, apesar do cessar-fogo em vigor, após acusar o Hamas de atacar suas tropas, o que o movimento islamista nega. Pelo menos 30 pessoas morreram em ataques que afetaram várias partes de Gaza, informou nesta quarta-feira (29, data local) à AFP um porta-voz da Defesa Civil do território palestino, que opera sob o comando do Hamas.
Após o ataque, o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, afirmou que o cessar-fogo permanece em vigor. "Isso não significa que não vão ocorrer pequenas escaramuças", disse Vance, em declarações transmitidas pela Fox News e publicadas nas redes sociais pela Casa Branca. "Sabemos que o Hamas ou mais alguém dentro da Faixa de Gaza atacou um soldado" das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), "mas acredito que a paz do presidente [americano, Donald Trump] se manterá", acrescentou o vice.
O Hamas, que tomou o poder na Faixa de Gaza em 2007, negou ter atacado tropas israelenses no território. Antes disso, acusou Israel de cometer "violações" ao acordo de trégua e anunciou o adiamento da entrega do corpo de mais um refém, inicialmente prevista para as 15h, no horário de Brasília.
A trégua já havia sido colocada à prova por ações letais de violência em 19 de outubro, quando Israel e Hamas se acusaram mutuamente de violar o acordo.
Nesta terça, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu "ordenou ao Exército realizar de imediato bombardeios na Faixa de Gaza", diz um comunicado de seu gabinete, sem oferecer mais detalhes.
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A porta-voz do governo israelense, Shoh Bedrosian, havia afirmado anteriormente que tudo estava sendo feito "em plena coordenação com os Estados Unidos, com o presidente Trump e sua equipe".
Israel acusa o movimento islamista palestino Hamas de violar a trégua vigente desde 10 de outubro em Gaza, depois que o grupo devolveu os restos mortais do refém Ofir Tzarfati, que já havia sido recuperado em parte pelo Exército israelense.
"Quebrar suas pernas"
Em virtude da primeira fase do acordo de cessar-fogo, o Hamas libertou em 13 de outubro os 20 reféns vivos que ainda mantinha em Gaza desde o ataque sem precedentes contra Israel em 7 de outubro de 2023.
Também deveria entregar nesse mesmo dia os corpos de 28 cativos falecidos, mas, até agora, só restituiu 15, alegando dificuldades para localizá-los no território devastado pela ofensiva israelense em resposta ao ataque de 7 de outubro.
O braço armado do Hamas afirmou em um comunicado veiculado no Telegram que encontrou os corpos de dois reféns nesta terça, mas não especificou quando os entregaria.
Segundo o Fórum das Famílias, a principal associação israelense que luta pelo retorno dos reféns, parte dos restos mortais de Ofir Tzarfati foram repatriados no final de 2023 e outras em março de 2024, antes de serem enterrados em Israel.
"É a terceira vez que temos que abrir o túmulo de Ofir e enterrá-lo novamente", lamentaram seus familiares.
O Fórum instou o governo de Netanyahu a "agir com firmeza" contra o Hamas por suas "violações" do acordo de trégua.
Para o ministro da extrema-direita Itamar Ben Gvir, responsável pela Segurança Interna, o fato de "o Hamas continuar jogando e não entregar imediatamente todos os corpos" prova que "ainda está de pé".
"É hora de quebrar suas pernas de uma vez por todas", concluiu. Antes do anúncio israelense, o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, disse à AFP que seu movimento estava "decidido a entregar os corpos assim que forem localizados" e acrescentou que, em um território devastado por dois anos de combates, recuperá-los é "complexo e difícil".
Os Estados Unidos, aliados de Israel, ameaçaram várias vezes aniquilar o movimento palestino se este não cumprir seu compromisso de entregar todos os reféns.
O ataque de 7 de outubro em Israel causou a morte de 1.221 pessoas, a maioria civis, segundo balanço da AFP com base em números oficiais. A retaliação israelense deixou 68.531 mortos na Faixa de Gaza, civis em sua maioria, segundo números do ministério da Saúde do Hamas.