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Israel encerra sua ofensiva em Gaza e palestinos começam a retornar às suas casas

Acordo estabelece que a libertação dos reféns israelenses mantidos em Gaza deve ocorrer dentro de um prazo de 72 horas

Apesar das celebrações, permanecem muitos assuntos por resolver
Apesar das celebrações, permanecem muitos assuntos por resolver Foto : EYAD BABA / AFP

O Exército israelense anunciou nesta sexta-feira (10) a entrada em vigor do cessar-fogo em Gaza, resultado do acordo alcançado com o movimento islamista palestino Hamas. Com a trégua em vigor, milhares de palestinos deslocados iniciaram a marcha do sul da Faixa de Gaza para o norte, em um esforço de retorno às suas casas em meio a um cenário de grande destruição.

O acordo estabelece que a libertação dos reféns israelenses mantidos em Gaza deve ocorrer dentro de um prazo de 72 horas. O enviado especial do presidente Donald Trump, Steve Witkoff, confirmou que "o período de 72 horas para a liberação de reféns começou", após Israel completar a primeira fase de sua retirada para a "linha amarela" às 12h locais.

Retirada de tropas e liberação de reféns

O cessar-fogo e a liberação dos reféns estavam previstos no acordo aprovado na quinta-feira, após quatro dias de negociações indiretas no Egito. O pacto baseia-se em um plano de 20 pontos proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que declarou planejar viajar ao Oriente Médio no domingo e previu que "os reféns voltarão na segunda ou terça-feira".

O Exército israelense anunciou que suas tropas começaram a se posicionar ao longo das "linhas de retirada, em preparação para o acordo de cessar-fogo e retorno dos reféns". Uma porta-voz do governo israelense informou que as tropas recuarão até a "Linha Amarela", a uma distância de entre 1,5 e 3,5 km das fronteiras do território palestino. Durante esta primeira fase de retirada, o Exército controlará aproximadamente 53% da Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que, dos 48 reféns que permanecem detidos na Faixa de Gaza, 20 estão vivos e 28 morreram. Em troca, Israel deve libertar 250 detidos por razões de segurança e 1.700 palestinos presos pelas forças israelenses desde outubro de 2023.

Cenário de destruição e questões pendentes

O pacto busca pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, que começou com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.219 mortos em Israel. A ofensiva subsequente de Israel devastou Gaza, resultando em pelo menos 67.194 mortos, segundo o Ministério da Saúde local.

Milhares de palestinos que retornam encontram suas residências completamente destruídas. Ameer Abu Iyadeh, um deslocado de 32 anos, expressou que o retorno está "cheio de feridas e dor". Outra residente, Arij Abu Saadaeh, de 53 anos, afirmou: "Estou feliz pela trégua e pela paz, mas sou mãe de um filho e uma filha que foram assassinados e estou de luto por eles. No entanto, a trégua também traz uma alegria: o retorno para nosso lar".

Apesar das celebrações, permanecem muitos assuntos por resolver, entre eles o desarmamento do Hamas e a proposta de uma autoridade de transição para Gaza liderada por Trump, que fazem parte do plano inicial proposto pelo presidente dos Estados Unidos.

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