Israel quer acabar com as atividades da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos

Israel quer acabar com as atividades da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos

UNRWA foi envolvida em uma polêmica pelo suposto papel de alguns de seus funcionários no ataque do Hamas em 7 de outubro

AFP

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Israel prometeu, neste sábado (27), acabar com a presença em Gaza da Agência da ONU para os

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Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), envolvida em uma polêmica pelo suposto papel de alguns de seus funcionários no ataque do Hamas em 7 de outubro.

O governo dos Estados Unidos anunciou na sexta-feira a suspensão temporária do financiamento à agência, uma decisão imitada neste sábado por Austrália, Canadá, Itália e Reino Unido.

A UNRWA, na mira das autoridades israelenses há muito tempo, demitiu vários funcionários depois que Israel acusou estas pessoas de envolvimento no ataque do movimento islamista contra seu território. Washington afirmou que a agência da ONU demitiu 12 empregados. Os atos concretos pelos quais os funcionários são acusados não foram revelados. Mas o titular da diplomacia israelense afirmou neste sábado que a UNRWA não tem futuro na Faixa de Gaza, onde os combates não dão trégua desde o fim de outubro.

O governo pretende garantir que a UNRWA "não será parte" da solução no território palestino após a guerra, declarou o ministro Yisrael Katz. Em um comunicado, ele expressou o desejo de "deter" todas as atividades da agência.

O Hamas denunciou as "ameaças" israelenses contra a UNRWA e fez um apelo para que a ONU e outras organizações internacionais "não cedam às ameaças e à chantagem".O grupo islamista, classificado como "organização terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia, acusou o governo israelense de querer "cortar os fundos e privar" os moradores de Gaza de qualquer ajuda.

O ministro de Assuntos Civis da Autoridade Palestina, Hussein al Sheikh, pediu aos países que decidiram retirar o apoio à UNRWA que "revertam imediatamente esta decisão". A agência, insistiu, "precisa do máximo de apoio [...] não cortem a ajuda e a assistência".

A guerra começou em 7 de outubro, quando os combatentes do Hamas atacaram o sul de Israel, mataram quase 1.140 pessoas, a maioria civis, e sequestraram outras 250, segundo um balanço da AFP elaborado com base em dados oficiais israelenses.

Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva aérea e terrestre que deixa, até o momento, pelo menos 26.257 mortos em Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa o pequeno território palestino.

"Papel vital"

As relações entre Israel e UNRWA pioraram depois que a agência da ONU atribuiu a tanques israelenses os disparos que atingiram, na quarta-feira, um de seus centros de abrigo aos deslocados em Khan Yunis, no sul de Gaza.

Ao menos 13 pessoas morreram e 56 ficaram feridas no ataque, segundo a agência, que denunciou uma "violação flagrante das regras fundamentais da guerra". O Exército israelense anunciou uma "investigação exaustiva" de suas operações na região, mas não descartou a responsabilidade do Hamas nesse ataque. O Exército israelense é a única força que possui tanques destacados em Gaza.

O alto representante para a política externa da União Europeia, Josep Borrell, pediu prudência. Apesar de ter reconhecido que a agência desempenha um "papel vital" em Gaza, ele afirmou que espera "total transparência" e "medidas imediatas" antes de tomar uma decisão.

Itália, Austrália, Canadá e Reino Unido decidiram suspender temporariamente o financiamento à agência. Johann Soufi, advogado internacional e ex-diretor do departamento jurídico da UNRWA em Gaza, afirmou à AFP que a agência tem "política de tolerância zero com a violência e a incitação ao ódio".

"Adotar sanções contra a UNRWA [...] pela suposta responsabilidade de alguns poucos funcionários equivale a punir coletivamente a população de Gaza, que vive em condições humanitárias catastróficas", disse.


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