Itália decreta estado de emergência por inundações em Veneza

O governo italiano decretou estado de emergência em Veneza após as excepcionais marés altas no Mar Adriático que causaram danos incalculáveis ao seu patrimônio artístico e imobiliário, anunciou nesta quinta-feira o primeiro-ministro Giuseppe Conte. "O governo aprovou o estado de emergência de Veneza", escreveu o premiê em um tuíte no qual anunciou um fundo inicial de 20 milhões de euros para as intervenções mais urgentes que cobrirá todo o Veneto (e também a província de Alexandria), conforme solicitado pelo Presidente da Região. O fenômeno acqua alta atingiu um pico de 1,87m, um pouco abaixo do recorde de 1,94m registrado na "Grande Enchente" de 1966.

Deliberato in Cdm lo stato di emergenza per #Venezia. Stanziati 20 mln, i primi fondi per gli interventi più urgenti, a sostegno della città e della popolazione. Al lavoro per il piano per gli indennizzi a privati e commercianti e per rifinanziare la legge speciale per Venezia

— Giuseppe Conte (@GiuseppeConteIT) November 14, 2019

Conte visitou o famoso arquipélago e algumas casas. "As minhas são apenas as primeiras impressões. Quero concluir mais uma rodada e conversar um pouco mais com as pessoas que estão sofrendo essa situação dramática", disse o primeiro-ministro no final da reunião e antes de partir para a ilha de Pellestrina, a mais devastada. Ele também se encontrou com o dono de uma banca de jornal que ficou completamente inundade e se tornou o símbolo da crise no local. "Você pode imaginar o que significa para quem tem um negócio ver o mundo inteiro desabar debaixo d'água", comentou.

Walter Mutti ha perso la sua edicola, sommersa dall'impeto delle acque. Stamane l'ho incontrato in Prefettura a #Venezia: ho ascoltato le sue parole di dolore, uguali a tante altre che mi giungono dai cittadini veneziani. Il Governo è solidale e presente, nessuno resterà da solo pic.twitter.com/mecHElPPU0

— Giuseppe Conte (@GiuseppeConteIT) November 14, 2019

Em 2003, uma estrutura chama de Módulo Experimental Eletromecânico (Mose) – e espécie de barragem submersa, que quando ativada, sobe até à superfície para evitar que as marés inundem a Veneza – começou a ser construída, com estimativa de ficar pronta em 2011. Contudo, casos de corrupção, elevação dos preços para 5,5 milhões de euros, em vez do valor inicial de 1,6 bilhões, deixaram a previsão de conclusão somente para 2021. A barreira está implementada, mas os testes só vão começar no ano que vem.

"A Itália está passando por horas dramáticas, Veneza está passando por horas dramáticas. Famílias, empresas, empresas sobrecarregadas. Este é o momento de estar perto dos venezianos, mas não podemos fingir que não vemos que alguém tem falhas e quem as tem deve pagar. Nem sempre é possível aos cidadãos pagar a conta por erros políticos. Você promove obras públicas como o Mose, nascido velho e cheio de subornos e corrupção?", criticou o ministro das Relações Exteriores e líder político do Movimento 5 Estrelas, Luigi Di Maio, em publicação no Facebook.

"Esse é o efeito, um trabalho interrompido pelo judiciário para investigações e que agora, embora não seja a melhor solução possível, deve ser encerrado o mais rápido possível para proteger Veneza imediatamente. Se Veneza não tiver, em 2019, nem um mínimo de proteção, a responsabilidade recai sobre essa classe política que se permitiu ganhar dinheiro e especular. Esta é a verdade e devemos dizê-la", completou.