Japão investiga motivações para assassinato de Shinzo Abe e admite falhas

Japão investiga motivações para assassinato de Shinzo Abe e admite falhas

Polícia avalia protocolos de segurança, arma caseira usada no crime e histórico do atirador

AE

Autoridades trabalham em três frentes de investigação

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Após o assassinato do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, em plena luz do dia, uma nação atordoada está questionando como o atirador conseguiu se aproximar de um dos políticos mais proeminentes do Japão e disparar dois tiros à queima-roupa sem a intervenção de seguranças. A principal autoridade policial em Nara, reconheceu neste sábado que houve falhas de segurança no comício e prometeu identificá-las e resolvê-las. Investigações estão em andamento sobre os protocolos de segurança, a arma de fogo caseira, assim como os motivos do atirador, enquanto o Japão se recupera do episódio envolvendo seu primeiro-ministro mais longevo. Abe estava fazendo campanha na rua para um colega de seu Partido Liberal Democrata (PLD) dois dias antes das eleições legislativas de hoje.

Na televisão e nas redes sociais, há vários vídeos do atirador passando livremente pela segurança antes de apontar uma arma artesanal na direção do político. O primeiro tiro pareceu assustar o ex-líder. Segundos depois, um segundo tiro foi disparado e Abe caiu no chão. Nesse momento, homens que pareciam fazer parte de sua equipe de segurança derrubaram o atirador no chão.

As imagens gráficas levantaram questões sobre como o atirador conseguiu se aproximar por trás do local onde Abe estava falando e como, após o primeiro tiro, ele conseguiu disparar outra vez antes que os seguranças o imobilizassem. "É inegável que houve problemas com a segurança do ex-primeiro-ministro Abe, e identificaremos imediatamente os problemas e tomaremos as medidas apropriadas para resolvê-los", disse Tomoaki Onizuka, chefe da polícia da Província de Nara.

Onizuka disse que a polícia foi informada da presença de Abe apenas um dia antes - prazo mais curto do que o normal para um evento de campanha. Ele aprovou o plano de segurança no dia do evento. Não está claro se seguranças armados estavam presentes.

O atirador, um desempregado de 41 anos de Nara, chamado Tetsuya Yamagami, disse aos investigadores que acreditava que Abe estava ligado a um grupo que ele odiava. A polícia rejeitou identificar o grupo, citando a investigação em andamento. Yamagami disse à polícia que pretendia matar Abe com um explosivo, mas em vez disso usou o que considerava sua arma mais letal para o ataque, informou a emissora pública NHK. Foram encontradas outras armas caseiras na casa do atirador. O Japão tem rigorosas leis para a aquisição de uma arma de fogo.

Yamagami também declarou que sua mãe faliu depois de gastar seu dinheiro para apoiar um grupo religioso, que teria ligação com o partido de Abe, segundo o jornal japonês Mainichi Shimbun, que citou fontes policiais. Ele disse que sua família se desfez por causa da obsessão de sua mãe com o grupo e ele atacou Abe "por ressentimento", relatou o jornal.

Em uma longa fila, japoneses em luto prestaram homenagem no local do ataque em Nara, perto de Osaka. O corpo de Abe foi levado para Tóquio em um carro funerário e o primeiro-ministro Fumio Kishida visitou a casa de seu antecessor para oferecer condolências. A família Abe realizará um velório amanhã e um funeral na terça-feira para parentes e conhecidos próximos. Os planos para um possível funeral de estado não foram divulgados.


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