Uma juíza federal suspendeu temporariamente a mobilização da Guarda Nacional em Chicago, cidade aonde cerca de 500 soldados chegaram nesta quinta-feira. A magistrada considerou que não há risco de “insurreição”, como sustentou o governo americano. A medida da juíza distrital April Perry terá uma validade aproximada de 14 dias, segundo a imprensa americana.
O governo republicano afirmou que as tropas são necessárias para proteger os agentes federais durante as operações de imigração nessa fortaleza democrata, à qual o presidente Donald Trump costuma se referir exageradamente como uma 'zona de guerra'. Mas funcionários locais democratas disseram que a polícia e as forças da lei são perfeitamente suficientes, enquanto argumentam que Trump está provocando deliberadamente os protestos com o envio da Guarda Nacional.
Em sua decisão, April expressou dúvidas sobre a confiabilidade do governo Trump, e preocupação de que a presença das tropas 'apenas jogue mais lenha na fogueira', informou o Chicago Tribune. A magistrada ordenou a suspensão imediata do envio de tropas e rejeitou o argumento do governo de que Trump não pode ser questionado nesse tema. 'Donald Trump não é um rei, e seu governo não está acima da lei', publicou o governador de Illinois, J. B. Pritzker, na rede social X.
Ao mesmo tempo, espera-se que um painel de três juízes de um tribunal de apelações de San Francisco decida se revoga o bloqueio temporário imposto por outro juiz a um envio similar em Portland (Oregon), governada pelos democratas. Illinois e Oregon não são os primeiros estados a apresentar desafios legais contra o uso extraordinário da Guarda pelo governo americano.
A Califórnia, também governada por democratas, entrou com uma ação depois que Trump enviou tropas para Los Angeles, no começo do ano, para reprimir manifestações motivadas pela ofensiva do governo contra os imigrantes sem documentos.Um juiz do tribunal distrital o declarou ilegal, mas o envio dos soldados foi confirmado posteriormente por uma corte de apelações.
Um jornalista da AFP visitou na quinta-feira uma uma instalação do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) em Broadview, subúrbio de Chicago, onde observou membros da Guarda Nacional e funcionários do ICE rondando o outro lado da cerca. Quinze manifestantes chamaram os agentes de 'traficantes de pessoas' e 'nazistas'. O destacamento ordenado pelo governo em Chicago inclui 200 soldados da Guarda Nacional procedentes do Texas e 300 de Illinois, segundo o Comando Norte do Exército americano. O soldados foram mobilizados por um período inicial de 60 dias.