Junta militar em Mianmar aumenta repressão enquanto protestos continuam

Junta militar em Mianmar aumenta repressão enquanto protestos continuam

Neste domingo, pelo nono dia consecutivo, milhares de birmaneses foram às ruas

AFP

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A junta militar governante em Mianmar continuou a intensificar sua repressão aos protestos em massa contra o golpe neste domingo (14), com prisões noturnas e ameaças contra quem abriga os ativistas. O período democrático de 10 anos do país terminou abruptamente há quase duas semanas com a tomada do poder pelos militares, que derrubaram e prenderam a chefe de governo Aung San Suu Kyi. Neste domingo, pelo nono dia consecutivo, milhares de birmaneses foram às ruas.

Em Yangon, principal cidade do país, eles se reuniram em vários locais, inclusive perto do famoso templo Shwedagon, para exigir o retorno da democracia e a libertação de sua líder. As forças de segurança de Mianmar prenderam cinco jornalistas após disparar contra manifestantes na cidade de Myitkyina, no norte do país, segundo a imprensa local.

"Cinco jornalistas que cobriam uma manifestação em Myitkyina foram presos", escreveu The 74 Media no Facebook. As tropas dispersaram a manifestação disparando contra os manifestantes, segundo um jornalista local que não soube se os soldados dispararam com balas reais ou de borracha.

Desde o início do movimento, os militares já prenderam cerca de 400 políticos, ativistas e civis, entre jornalistas, médicos e estudantes. O conselho liderado pelo general Min Aung Hlaing publicou uma lista de sete dos ativistas que buscam ativamente promover os protestos.

"Se você encontrar algum dos fugitivos mencionados ou se tiver alguma informação sobre eles, dirija-se à delegacia de polícia mais próxima", disse um comunicado à mídia estatal no domingo. Neste domingo, a embaixada dos Estados Unidos em Mianmar alertou sobre movimentos de tropas e possíveis "interrupções de telecomunicações" em Yangon.

"Há sinais de movimentos militares em Yangon e a possibilidade de interrupções nas telecomunicações à noite das 01h00 às 09h00" locais de segunda-feira, tuitou a delegação diplomática. As embaixadas ocidentais em Mianmar pediram para o regime militar a "não recorrer à violência" contra os manifestantes que protestavam contra o golpe, após relatos de um deslocamento de tropas em algumas áreas do país.

"Apelamos às forças de segurança para que não recorram à violência contra os manifestantes, que protestam contra a derrubada do seu governo legítimo", afirma um comunicado divulgado no Twitter pelas representações diplomáticas dos Estados Unidos, União Europeia e Grã-Bretanha.

Poderes de emergência para as forças de segurança

Presa novamente em 1º de fevereiro, a chefe de governo não foi vista desde então, embora seu partido diga que ela estava "bem de saúde", mantida incomunicável em uma residência em Naipyidó, capital administrativa de Mianmar. No sábado, Min Aung Hlaing concedeu poderes de emergência às forças de segurança, que podem conduzir buscas domiciliares sem mandado ou deter pessoas por curtos períodos sem permissão de um juiz.

A situação em Mianmar foi alvo de inúmeras condenações internacionais nas últimas duas semanas, mas elas não tiveram efeito sobre os militares. A Junta afirma ter assumido o poder de acordo com a Constituição e ordenou aos jornalistas do país que parassem de falar sobre isso como um "governo golpista".

"Alertamos (...) jornalistas e meios de comunicação para não escreverem com o objetivo de causar desordem pública", disse o Ministério da Informação em nota enviada ao clube de correspondentes estrangeiros no sábado. Também pediu aos jornalistas que sigam a "ética da mídia" ao noticiar os eventos no país. Mas os aliados tradicionais do exército birmanês, incluindo a Rússia e a China, pedem que não se interfira nos "assuntos internos" de Mianmar.


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