Líderes da UE travam batalha sobre primeiro orçamento pós-Brexit

Líderes da UE travam batalha sobre primeiro orçamento pós-Brexit

Volume total do MPF e sua distribuição entre diferentes setores foram os motivos principais para as críticas durante a primeira roda de negociação

AFP

Líderes europeus deverão decidir o impulso que desejam dar à UE após várias crises

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Durante a cúpula sobre o primeiro orçamento comum sem o Reino Unido, nesta quinta-feira, os líderes europeus mostraram divisões entre países mais e menos desenvolvidos sobre o montante e seu uso, confirmando as hipóteses de que seria uma longa e difícil negociação.

"Os últimos passos para chegar a um acordo são sempre os mais difíceis, mas tudo está em cima da mesa para uma decisão", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, horas antes do início da cúpula. Até às 20h no horário local (às 16h no horário de Brasília), após cinco horas de negociações, o ex-primeiro-ministro belga interrompeu a reunião para discutir individualmente com os 27 líderes e chegar a um consenso. 

Bruxelas solicitou em 2018 um MFP equivalente a 1,114% da Renda Nacional Bruta (RNB) da UE, mas o número pode ser menor. A proposta de Michel é de 1,074%, cerca de 1 trilhão de euros, entre 2021 e 2027. Os europeus deverão decidir o impulso que desejam dar à União Europeia (UE) após várias crises. Sua proposta não chegou ao consenso esperado. Por isso, Michel deverá apresentar alterações no projeto na manhã da sexta-feira, no segundo dia da cúpula, segundo fontes.

O volume total do MPF e sua distribuição entre diferentes setores, pricipalmente para a Política Agrícola Comum (PAC), foram os motivos principais para as críticas durante a primeira roda de negociação. Áustria, Suécia, Dinamarca e Holanda, países entre os mais ricos do bloco, assim como a Alemanha, defendem um orçamento de 1%, e não se mostraram a favor do alto montante orçamentário.

A saída em janeiro do Reino Unido, potência econômica e militar, tornou mais evidente as divisões na UE entre norte-sul devido à crise econômica e leste-oeste devido à migração. E isso num contexto global em que os Estados Unidos de Donald Trump pressionam a frente comercial, a China representa um risco tecnológico e a Rússia continua sendo a principal preocupação nas portas da UE.

A Comissão Europeia defende, assim, uma nova estratégia de crescimento baseada no combate às mudanças climáticas e no desenvolvimento dos setores tecnológico e militar, sem esquecer as políticas tradicionais, como a agricultura.

A Alemanha considera 1% como ponto de partida, mas não exclui ir além. Mas, para isso, Berlim quer priorizar o Pacto Verde Europeu, a proteção das fronteiras ou a tecnologia, as novas prioridades estabelecidas para a Comissão Europeia.

Não é fácil encaixar todas as peças do quebra-cabeça da MFP, em um contexto em que a saída do Reino Unido representa uma perda de 12 bilhões de euros por ano. A Política Agrícola Comum (PAC) e os fundos de coesão representam 69% do atual MFP 2014-2020. Na proposta do presidente do Conselho Europeu iria para 59%. 

O caminho a um acordo ainda está em andamento, o que faz com que não se descarte a possibilidade de uma nova cúpula caso as divergências permaneçam. O objetivo, no geral, é que seja um acordo rápido para que a Eurocâmara consiga aprová-lo a tempo.


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