Líderes norte-coreanos fazem visita histórica à Coreia do Sul

Líderes norte-coreanos fazem visita histórica à Coreia do Sul

Representantes viajaram para a cerimônia de encerramento dos Jogos Asiáticos

AFP

Líderes norte-coreanos fazem visita histórica à Coreia do Sul

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Três líderes norte-coreanos, entre eles aquele considerado o número dois do regime, reuniram-se com autoridades sul-coreanas neste sábado, em Seul, um momento raro que alimenta a esperança de degelo bilateral após décadas de confrontos.

As autoridades militares e do Partido que viajaram ao país vizinho foram o vice-presidente da Comissão Nacional de Defesa (NDC, na sigla em inglês), marechal Hwang Pyong-So; o presidente da Comissão Nacional do Esporte, Choe Ryong-Hae, e Kim Yang-Gon - informou o porta-voz do Ministério sul-coreano da Unificação, Lim Byeong-Cheol.

Esperados para a cerimônia de encerramento dos Jogos Asiáticos, o trio desembarcou pela manhã no aeroporto de Incheon, perto de Seul. Eles se reuniram com o ministro sul-coreano da Unificação, Ryoo Kihl-Jae, e devem jantar com o ministro e conselheiro de Segurança da presidente Park Geun-Hye. Trata-se da primeira interação bilateral de alto nível entre as duas Coreias em anos.

No fim do dia, as autoridades norte-coreanas retornam para Pyongyang. A emissora de televisão sul-coreana divulgou algumas imagens do primeiro encontro.

Choe agradeceu à Coreia do Sul por receber atletas norte-coreanos nos Jogos Asiáticos de Incheon. "Estou orgulhoso de constatar que, em nome dos esforços pela reunificação, o esporte mostra o caminho", declarou.

Em estado de confrontação quase permanente, as duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, já que nenhum tratado de paz foi assinado após o armistício de 1953. A reunificação é um objetivo de ambos os lados da fronteira, mas o Sul tem se tornado cada vez mais reticente, diante das diferenças econômicas entre os dois países.

Essa visita acontece em meio a boatos sobre a saúde do líder norte-coreano, Kim Jong-Un, que não é visto em público há pelo menos um mês. O neto de Kim Il-Sung, fundador do regime comunista, não aparece na televisão pública desde 3 de setembro. Em julho passado, ele foi visto mancando no evento pelo 20º aniversário da morte de Kim Il-Sung.

No fim de setembro, Kim Jong-Un ficou relativamente apagado na sessão da Assembleia Suprema do Povo, que se reúne apenas uma, ou duas vezes, por ano para aprovar decisões do partido único de inspiração leninista. No evento, Hwang Pyong-So, tido como seu número dois, foi promovido a vice-presidente da poderosa Comissão Nacional de Defesa.

Kim Jong-Un chegou ao poder após a morte do pai, Kim Jong-Il, no final de 2011.

O porta-voz do Ministério sul-coreano da Unificação disse esperar que a visita dos três líderes "ajude a criar as condições de uma evolução positiva das relações intercoreanas".

Pyongyang rejeitou todas as tentativas recentes de diálogo proporcionadas por Seul, por causas dos exercícios militares entre a Coreia do Sul e seu aliado americano. O regime norte-coreano vê a parceria como um treinamento para a invasão de seu território.

Para o cientista político Yang Moo-Jin, "o Norte quer mostrar ao mundo que está trabalhando para melhorar as relações intercoreanas".

Segundo o analista, o envio ao Sul de dois dos mais importantes nomes da hierarquia norte-coreana é "sem precedentes".

Isolado e estrangulado por sanções internacionais, o regime norte-coreano busca relançar negociações no âmbito do chamado grupo dos Seis (formado pelas duas Coreias, Rússia, Japão, China e Estados Unidos) para a concessão de ajuda econômica em troca da paralisação de seu programa nuclear.

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