Macron e Le Pen se preparam para debate decisivo da eleição presidencial na França

Macron e Le Pen se preparam para debate decisivo da eleição presidencial na França

De acordo com pesquisas mais recentes, atual líder deve vencer mais uma vez o pleito

AFP

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O presidente centrista Emmanuel Macron e a candidata de extrema-direita Marine Le Pen reservaram esta terça-feira para a preparação do crucial debate televisivo de quarta, com a esperança de fazer pender a balança presidencial a seu favor, a cinco dias do segundo turno na França.

De acordo com as pesquisas mais recentes, Macron, com entre 53% e 55,5% dos votos, venceria mais uma vez Le Pen (44,5% e 47%) na votação do próximo domingo, mas a candidata do partido Reagrupamento Nacional (RN) reduziu consideravelmente a distância na comparação com o duelo de 2017 (66,1% a 33,9% no segundo turno).

"Vou me preparar para o debate em minha casa, como faço para todos os debates", disse Marine Le Pen, que na segunda-feira se encontrou com eleitores na Normandia (noroeste), antes de encarar a reta final de sua terceira campanha presidencial.

O debate de 2017 foi terrível para a candidata de extrema-direita, criticada por sua "agressividade" e "falta de preparo". Poucos dias depois, ela admitiu um "erro estratégico", um mea culpa que reiterou na atual campanha.

Macron aproveitou a segunda-feira de Páscoa, feriado na França, para conceder três entrevistas a emissoras de rádio e televisão, nas quais chamou a atenção para a abstenção e voltou a falar sobre as consequências da chegada da extrema-direita ao poder. "Pensem no que falavam os cidadãos britânicos algumas horas antes do Brexit ou nos Estados Unidos antes da votação em (Donald) Trump: 'Não vou comparecer, qual o sentido?' Posso dizer que no dia seguinte se arrependeram", afirmou o centrista ao canal France 5.

O candidato do partido A República Em Marcha (LREM), de 44 anos, se esforça para ressuscitar a imagem de radical da herdeira da Frente Nacional, que Marine Le Pen conseguiu apagar no primeiro turno ao evitar temas como a migração ou a segurança. Após um primeiro turno discreto e no qual se apresentou como defensora do poder aquisitivo, Le Pen, 53 anos, busca agora tranquilizar os franceses sobre seu eventual governo, ao afirmar que comandará a França como uma "mãe de família".

"Novo impulso"

O debate programado para para a noite de quarta-feira, que será mediado pelos jornalistas Gilles Bouleau (do canal privado TF1) e Léa Salamé (do canal público France 2), será o primeiro de Macron, que se recusou a encontrar os rivais no primeiro turno. Os candidatos desejam atrair os adeptos do esquerdista Jean-Luc Mélenchon, o terceiro mais votado no primeiro turno (21,9%) e que pediu a seus eleitores que não concedam nenhum voto a Le Pen, mas sem pedir voto diretamente para Macron.

Com base neste apelo, uma pesquisa entre mais de 200 mil pessoas que apoiaram a candidatura de Mélenchon mostrou dois terços a favor do voto nulo, em branco ou da abstenção no segundo turno. O terço restante defendeu o voto no atual presidente. Para tentar convencê-los, Macron deu um passo atrás em sua principal proposta - aumentar a idade mínima da aposentadoria de 62 a 65 anos. Um dia após o primeiro turno, ele se declarou aberto a aumentar para 64 anos.

Ele também tenta se livrar da imagem de "presidente dos ricos" e se apresenta, há algumas semanas, como alguém próximo. Uma das demonstrações mais recentes é uma fotografia sem camisa, deitado em um sofá, depois de um comício em Marselha.

A maioria dos candidatos derrotados no primeiro turno pediu voto para Macron ou contra Le Pen. Esta última também tem a rejeição de sindicatos, atletas, atores. A cinco dias do segundo turno, o presidente recebeu o apoio de seu pai, Jean-Michel Macron, que em uma entrevista ao jornal L'Est républicain disse que tem "muita admiração" por seu filho e que os franceses são "muito ingratos" a respeito de seu primeiro mandato.

Se Macron for reeleito, o primeiro-ministro, Jean Castex, anunciou que apresentaria a demissão do governo alguns dias depois, sem esperar as eleições legislativas de maio, porque na sua opinião é necessário um "novo impulso".


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