Maduro promete respeitar resultado eleitoral enquanto mais opositores são presos na Venezuela
Principal rival da oposição, Edmundo González, não compareceu ao ato e criticou o acordo como uma 'imposição unilateral’

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O presidente venezuelano Nicolás Maduro assinou nesta quinta-feira um documento para respeitar os resultados das eleições de 28 de julho, nas quais busca um terceiro mandato, ao mesmo tempo em que aumenta o número de prisões de líderes que apoiam a candidatura da oposição. Maduro e outros candidatos menos relevantes - que se definem como opositores, embora distantes da liderança tradicional que os rotula de 'colaboradores' - assinaram um documento na sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que inclui 'a vontade absoluta de reconhecer os resultados emitidos pelo Poder Eleitoral' e 'competir em um clima de respeito, paz e participação democrática'. O principal rival da oposição, Edmundo González, não compareceu ao ato e criticou o acordo como uma 'imposição unilateral'.
”O que o árbitro eleitoral disser, amém', disse Maduro após a assinatura. 'Chega de sabotagem contra nosso país, chega de conspirações. A Venezuela quer tranquilidade'. O nome de González estava no documento. 'Ele não atendeu ao chamado da pátria", declarou Amoroso após chamar o opositor, sem sucesso, para assinar. “Não recebi nenhum convite para ir hoje ao CNE”, afirmou mais cedo González, candidato da principal coalizão opositora, Plataforma Unitária, após a desqualificação da líder María Corina Machado e o veto a outros nomes.
Outro candidato, Enrique Márquez, ex-reitor do CNE, também não compareceu ao evento. "O povo da Venezuela tem que ver quem ama sua pátria e quem não, quem se ajoelha diante de outras pretensões que não as da Venezuela', disse Amoroso aos jornalistas. 'Eles querem desconhecer, desestabilizar e sabotar este processo eleitoral, mas com eles ou sem eles, haverá eleições."
'Não sejamos ingênuos'
González declarou em comunicado que o reconhecimento dos resultados já fazia parte do acordo assinado no ano passado entre o governo e a oposição em Barbados, com mediação da Noruega e participação dos Estados Unidos.'É um sinal do viés que caracteriza esta campanha desigual', afirmou o opositor, acrescentando que 'revogar a observação internacional da União Europeia e aumentar a perseguição contra líderes e simpatizantes de nossa campanha' violava precisamente o que foi acordado em Barbados.
Amoroso retirou o convite à UE há um mês, depois que o bloco ratificou sanções individuais contra líderes do chavismo, embora tenha suspendido uma contra ele.O documento desta quinta-feira também pedia o levantamento 'absoluto' de todas as medidas punitivas contra a Venezuela. "Se não houver levantamento das sanções e do bloqueio contra o povo da Venezuela (...), não há absolutamente nada a discutir, nem pensar que eles podem vir à Venezuela quando desprezam todos os venezuelanos”, disse Amoroso.
O embaixador dos Estados Unidos na Organização dos Estados Americanos (OEA), Francisco Mora, também expressou nesta quinta-feira a preocupação de seu país com a exclusão do bloco.'É importante que não sejamos ingênuos sobre a situação na Venezuela', afirmou a jornalistas em Washington.
'Acredito que a comunidade internacional deveria continuar pressionando Maduro para realizar eleições justas e credíveis neste país.'
Mais prisões e inabilitações
A campanha eleitoral oficialmente começa em 4 de julho, embora Maduro e Machado - líder da mobilização da oposição - estejam realizando comícios há meses.
A oposição denuncia perseguição, com 37 líderes detidos até agora neste ano. Juntaram-se aos presos nesta quinta-feira o prefeito do município de Ayacucho, no estado de Táchira (oeste), Yonnhy Liscano, confirmou à AFP o Ministério Público, que também ordenou a prisão de Rigoberto Ovallos, prefeito do município de Antonio Rómulo Costa, localizado neste mesmo estado. Não está claro quais crimes são imputados a Liscano e Ovallos, que manifestaram apoio a González nos últimos dias. Outros 10 prefeitos foram inabilitados politicamente nesta semana por ser posicionarem a favor da oposição.