Maduro recua e aceita remédios e comida da ONU
Objetivo da organização é tentar estabilizar o fluxo de refugiados que deixam a Venezuela
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Após mudança de posição de Maduro, o O Estado apurou que um pacote inicial de US$ 9,2 milhões (cerca de R$ 35 milhões) será liberado. O dinheiro ficará sob o controle de agências internacionais. A informação sobre a mudança de posição do governo venezuelano foi antecipada na segunda-feira.
A crise na Venezuela resultou no êxodo de 3 milhões de pessoas, no que é considerado o maior fluxo migratório na história recente da América Latina. Apenas em 2018, mais de 205 mil venezuelanos solicitaram refúgio e centenas de milhares cruzam fronteiras como imigrantes. A ONU acredita que o fluxo aumentará nos próximos meses e apenas uma melhora real das condições de saúde e de alimentação interromperá o fluxo.
Na próxima semana, a crise venezuelana entrará pela primeira vez na lista dos programas humanitários divulgados pela ONU. A entidade lançará um apelo global para crises em Iêmen, Síria, Líbia e outros países, entre eles a Venezuela. Aprovados nesta semana, US$ 2,6 milhões serão destinados à Unicef para a "recuperação nutricional de crianças com menos de cinco anos, mulheres grávidas ou que estejam amamentando". Oito Estados venezuelanos serão atendidos.
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Um outro montante, de US$ 1,7 milhão, será destinado ao atendimento de mulheres e meninas, principalmente nos Estados de fronteira com Colômbia e Brasil. A maior parcela do dinheiro irá para a Organização Mundial da Saúde (OMS). A agência terá US$ 3,6 milhões para gastar no fortalecimento de hospitais, ajudar a pagar salários e comprar remédios.
Segundo uma fonte ouvida pelo jornal, as agências internacionais estavam lidando apenas "com os sintomas da crise". Até o momento, elas atuavam apenas fora dos limites do país - 40 entidades têm atendido a população que deixou a Venezuela. Na ONU, fontes acreditam que este primeiro passo da ajuda humanitária marque o início de um processo que permitirá uma presença maior da entidade no país.
Jorge Arreaza, chanceler venezuelano, durante visita recente a Genebra, indicou que o país não vivia uma "emergência humanitária", que "todos tinham acesso a saúde" e garantiu que a crise era "manobrada" pelos americanos, em busca de fazer Maduro renunciar.
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A Organização Pan-americana de Saúde (Opas) denunciou que um de cada três médicos venezuelanos já deixaram o país e informou o aumento nos casos de aids, malária, tuberculose, sarampo, difteria e de outras doenças. Em 2014, por exemplo, existiam registrados 66,1 mil médicos na Venezuela. Em 2018, 22 mil foram embora.
Segundo a Opas, em mortalidade infantil, o país regrediu 40 anos. Os índices de 2017 são equivalentes ao que se registrava na Venezuela em 1977.